Diante de indicativos de Jair Bolsonaro por sua demissão do cargo de ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta apareceu para conceder entrevista coletiva com atualização de dados sobre o novo coronavírus no Planalto na tarde desta quarta-feira (15) – não havia certeza que ocorreria e se ele estaria presente. Ao lado dele estava o secretário de vigilância Wanderson de Oliveira, que havia pedido demissão ainda no período da manhã. Antes do relato de informações sobre medidas e detalhamento de dados, o ministro informou:
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– Vamos trabalhar juntos até sairmos juntos.
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Mandetta ainda disse antes de começar a entrevista coletiva que não aceitou o pedido de demissão de Wanderson de Oliveira. No decorrer da entrevista, ao passar a palavra ao secretário para detalhamento dos dados sobre o coronavírus no Brasil, acrescentou:
– É meu secretário nacional de vigilância em saúde. Disse que não aceito e estamos agora aqui, todos juntos e misturados, mais um pouco – falou e minutos depois reiterou:
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– Mandou um papel pra mim e mandei devolver. Entramos juntos e vamos sair juntos.
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A entrevista contou também com a presença do secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo, que é um dos cotados para assumir a pasta caso o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) confirme a demissão de Luiz Henrique Mandetta. Gabbardo disse que não pretende aceitar o cargo e sua permanência no ministério termina com o fim da transição em caso de saída de Mandetta.
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– Tenho compromisso com Mandetta. No dia que ele sair, eu saio junto com ele. Tenho 40 anos de ministério e não vou jogar no lixo este patrimônio. Mas também não vou abandonar o barco, fico no ministério para fazer a transição com tranquilidade, porque a população espera continuidade no trabalho que temos feito até aqui. Permaneço tempo necessário para fazer a transição com toda a tranquilidade – afirmou.
Em seguida, o ministro informou que todos os funcionários da pasta foram orientados a ter a mesma atitude caso ele seja demitido. Durante a coletiva, Mandetta não evitou de falar sobre a eminente saída, que ele não escondeu e reiterou posição demonstrada quando Bolsonaro cogitou seu desligamento durante o enfrentamento ao coronavírus no Brasil anteriormente.
Eu deixo o ministério em apenas três situações. Uma é quando presidente não quiser meu trabalho. Outra é ser afastado por forças alheias, como se eu pegar o vírus e não tiver condições de trabalho. E a terceira é quando sentir que o trabalho não é mais necessário ser continuado, porque passamos por estresse. Todas as alternativas continuam e são válidas.
Mandetta reconheceu a possibilidade de demissão próxima e da insatisfação de Jair Bolsonaro com as atitudes e declarações dele na condução da pasta em meio à pandemia do novo coronavírus. Ele caracterizou que as divergências com o presidente são visões diferentes e fez analogia com a medicina, em que médicos podem ter diagnósticos diferentes para mesmo problema. No entanto vai seguir no cargo e prometeu a mesma dedicação, independente de saber que a saída parece cada vez mais próxima.
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– Não é desconhecido, claramente há descompasso em relação ao ministério. Nós colocamos que vamos trabalhar no 100% do limite, todos nós, e que nada muda enquanto estiver no cargo. Vamos aguardar o entendimento das coisas. Conseguimos dobrar a curva, e este é um momento bom para fazer reflexões, até porque estamos conhecendo o vírus. Mas quem ele (Bolsonaro) colocar, que seja uma pessoa que confie e que trabalhe com ciência para tomar suas decisões.