Uma passagem rápida e discreta marcou a participação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki na aula magna promovida pela Escola do Ministério Público, nesta segunda-feira à noite, em Florianópolis. Com poucos minutos de atraso, o relator da Operação Lava-Jato entrou no Auditório da Procuradoria-Geral de Justiça sem falar com a imprensa ou com qualquer autoridade presente no local, a essa altura já tomado pela comunidade acadêmica e jurídica. Na plateia sobrou ansiedade, que não chegou nem a respingar na fisionomia tranquila e na fala calma do catarinense de Faxinal dos Guedes.
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::: Ministro do STF e relator da Operação Lava-Jato palestra em Florianópolis
Antes do ministro, a diretora da Escola do MP, Promotora de Justiça Vanessa Wendhausen Cavallazzi, falou sobre a ideia de chamar Zavascki para palestrar em Santa Catarina. Portas abertas e olhos atentos e interessados foram as palavras usadas para descrever a reação do magistrado, que aceitou o convite em seu gabinete em Brasília, onde um grande painel com a imagem da Serra do Rio do Rastro reforça sua origem e identificação.
Ao tomar a palavra, o ministro deixou claro que não estava ali como relator de nenhuma ação ou operação – tanto que sequer citou a palavra Lava-Jato durante a uma hora em que discursou. Pelo contrário, antes de adotar o silêncio sobre o assunto, ele foi direto ao explicar que trataria o tema da palestra – “Aspectos controversos da lei de improbidade” – pelo viés acadêmico e sem fazer nenhuma referência ao momento político atual.
Assim, Zavascki disse se sentir sempre em casa ao retornar a SC e seguiu conversando com o público sobre as diferenças entre as ações populares, ações civis públicas e ações de improbidade. De forma geral, defendeu que as ações de improbidade também tenham foro privilegiado, o que hoje não é previsto em lei.
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No fim do encontro, antes de ir embora novamente sem conversar com ninguém, o magistrado recebeu um presente escolhido a partir de uma investigação digna do Ministério Público: uma camisa do Clube Recreativo Itajiba, time de futebol amador de Faxinal dos Guedes, do qual, descobriram os membros da Escola do MP, o ministro é torcedor fervoroso.
A palestra à noite encerrou o dia de Zavascki em Florianópolis. Pela manhã, ele participou de um almoço oferecido pelo governador Raimundo Colombo (PSD) na Casa d’Agronômica. Por volta das 11h30min ele já estava no palácio e, ironicamente, foi o primeiro a chegar. Enquanto aguardava a chegada dos demais convidados, tomou chimarrão com Colombo.
Participaram do almoço os presidentes do Tribunal de Justiça, Nelson Schefer Martins, e da Assembleia Legislativa, Gelson Merisio (PSD), e o procurador-geral de Justiça Lio Marcos Marin. Estavam presentes ainda o vice-governador Eduardo Pinho Moreira (PMDB), os secretários Nelson Serpa (PSD) e Antonio Gavazzoni (PSD) e o procurador-geral do Estado João dos Passos Martins Neto. A Operação Lava-Jato também não teria sido citada nas conversas.