O ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello, afirmou nesta quarta-feira (22) acreditar que a curva de mortes por coronavírus em Santa Catariana ficará “sob controle”. Ele reconheceu que o Estado vive uma “franco aumento” no contágio da doença, mas afirmou que o esforço para que haja “tratamento precoce” evitará uma escalada maior de mortes.

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Pazuello, que está há pouco mais de dois meses como interino na pasta, veio a Santa Catarina para alinhar ações de combate ao coronavírus. A visita fez parte de um roteiro do ministro pela região Sul do Brasil, que vive um momento de aumento dos casos e de óbitos por Covid-19. 

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Desde o começo da semana, SC tem registrado a maior média de aumento de mortes pela doença entre os estados do país. Na segunda, o aumento foi de 125%. Nesta quarta, foram confirmados mais 26 óbitos pela doença, com um total de 764 vítimas fatais desde o início da pandemia.

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— Independentemente do que foi preparado, de todo o combate, todas as medidas que o Estado fez, há uma realidade de aumento dos casos de contaminação agora (…) Mas ficou muito claro que o aumento da curva não representa a curva de óbitos aumentar (…) O cenário me parece um cenário sob controle, haverá um aumento de contágio, já estamos em franco aumento de contágio, mas o esforço para que não se chegue à necessidade de UTIs, com tratamentos de forma precoce, faz com que a curva de óbitos fique sob controle — declarou Pazuello, em coletiva de imprensa transmitida pela internet no começo da noite.

O ministro interino foi questionado sobre o reforço na estrutura hospitalar de Santa Catarina. Ele respondeu que o Ministério da Saúde está recebedo as demandas do Estado “com muita atenção”, e que está trabalhando “desde já para poder entregar equipamentos”. Pazuello citou a necessidade de entrega de medicamentos, de habilitação de leitos de UTI (Unidades de Terapia Intensiva) e de “descentralização de recursos”.

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— Nessa semana estamos trabalhando com 250 monitores (multiparâmetros, usados em UTIs) para SC, acredito que essa é a demanda que foi pedida, se houver outras necessidades, vamos contratar e trazer. Equipamentos não são o maior problema — comentou.

Uma portaria publicada no Diário Oficial da União nesta quarta autorizou a abertura de 40 novos leitos de terapia intensiva para tratamento da doença em cinco hospitais de Santa Catarina. Eles devem funcionar por três meses. Os recursos para manter os leitos vão ser repassados em parcela única, e são do próprio Ministério da Saúde. A pasta ainda discute o cronograma para a abetura dos leitos.

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A respeito de medicamentos utilizados para a entubação de pacientes em UTI, que estão em falta, o ministro interino afirmou que a pasta negocia preços desses itens com o mercado de fora do país, e citou o Uruguai como uma das opções.

— O Sul tem uma estrutura estabilizada. Temos, sim, condição de dar uma resposta mais efetiva, não chegando ao colapso do sistema — acrescentou.

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Pazuello também afirmou que uma das intenções do ministério é que estados que já estão “com capacidade ociosa” porque a pandemia está recuando possam “apoiar com transferência de material para quem ainda está precisando”.

Ampliação da testagem

Eduardo Pazuello também falou sobre a inteção de aumentar a estratégia de testagem da população brasileira para Covid-19. Ele mencionou o fortalecimento dos Laboratórios Centrais (Lacens) e a compra de equipamentos para extrair mais amostras, mas não citou prazos para a ampliação da testagem.

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— O secretário Arnaldo [Correia, da Vigilância em Saúde] tem trabalhado direto com os secretários de estado e com os municípios e está equalizando essa distribuição. Essa ação vai permitir a gente a chegar a números próximos de 20% da população. Isso é um trabalho que já vinha acontecendo, é claro, mas com estruturação dos laboratórios, dos Lacens, com a aquisição de equipamentos de extração para amostras para aumentar essa velocidade — declarou.

Novo protocolo e vacinas

General Pazuello falou ainda sobre o novo protocolo adotado pelo Ministério da Saúde, que orienta os pacientes a procurarem atendimento médico assim que tiverem os primeiros sintomas de coronavírus. Inicialmente, no começo da pandemia no Brasil, a orientação era que as pessoas procurassem as unidades de saúde apenas se sentissem sintomas considerados mais graves, como falta de ar.

— Acredito que, independentemente de qualquer medida de prevenção de afastamento social, o mais importante é que a população passe em postos de triagem para serem o mais rápido possível diagnosticados os sintomas — declarou.

O ministro interino também falou sobre as parcerias do Brasil para a produção de vacinas contra a Covid-19 e disse que o país trabalha com um prazo de entrega para o final deste ano ou para janeiro de 2021.

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— Estamos muito confiantes de que isso vai acontecer nesse período — disse.

“Lamento profundamente cada vida perdida”

Ao ser questionado sobre o número de mortes pelo coronavírus no país, que já ultrapassa a marca de 80 mil, Pazuello afirmou lamentar todas as vidas perdidas e disse que o Ministério da Saúde tem trabalhado para buscar soluções para “salvar mais vidas”.

— Isso dói, e nos faz todos os dias acordar para trabalhar e buscar as melhores soluções para evitar novas mortes. Eu me solidarizo com todos que perderam alguém da família. Não são números, são brasileiros. Eu lamento profundamente por cada vida perdida. Falo também pelos profissionais de saúde, que estão diuturnamente na frente do combate, e alguns perderam suas próprias vidas — comentou o ministro interino, que chegou a se emocionar.

Visita a Santa Catarina

Pazuello pousou durante a manhã desta quarta na Base Aérea em Florianópolis, e seguiu direto para a Casa d’Agronômica. A agenda de Pazuello na Capital envolveu reuniões com o governador Carlos Moisés, o secretário de Estado da Saúde, André Motta Ribeiro, e técnicos do ministério e do governo catarinense. Ele também se reuniu com prefeitos.

O roteiro do ministro não foi aberto ao público ou à imprensa, que pôde entrevistar Pazuello apenas na coletiva transmitida pela internet.

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O ministro deve dormir em Florianópolis e, na quinta-feira (23), seguir para Curitiba (PR) e continuar a agenda no Sul. Nesta terça (21) ele esteve em Porto Alegre (RS).