O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, esteve na manhã desta sexta-feira em Concórdia, onde conheceu a Embrapa Suínos e Aves e a unidade da BRF onde está sendo testado o projeto de modernização do Serviço de Inspeção Federal.
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– Estou curioso – disse o ministro, ainda na apresentação dos projetos desenvolvidos pela Embrapa, pela chefe da unidade, Janice Zanella. O projeto prevê ajustes no sistema de fiscalização, retirando alguns procedimentos, como corte de língua de suínos para verificar doenças, e focando em riscos mais altos, como a contaminação. A pesquisadora da Embrapa Jalusa Deon Kich, líder do projeto, que também conta com parceria do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do ministério, disse que alguns procedimentos podem ser feitos por veterinários das empresas, sobrando mais tempo para o auditor federal checar os procedimentos destes veterinários e também verificar os pontos de maior risco. Isso sem perder qualidade do processo. Também sugere um programa de redução de patógenos e análise de amostras em laboratórios oficiais.
Maggi disse que, diante da limitação de recursos e falta de auditores, o projeto representa uma solução para atender as demandas do agronegócio. E que pretende ficar até o final do mandato, em dezembro de 2017, para encaminhar alguns procedimentos de sua gestão.
Em entrevista coletiva ele garantiu que o consumidor pode ficar tranquilo quanto à qualidade da carne, não prevê queda nas exportações e ainda espera reabrir a Rússia até abril, em breve período, a Coreia do Sul. Confira a entrevista:
PROJETO DA EMBRAPA
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“A Embrapa é uma empresa de vanguarda, de tecnologia e de conhecimento é uma das grandes responsáveis de ter trazido o Brasil até aqui, nós éramos importadores de alimentos na década de 70, início de 80, de lá para cá o Brasil se tornou o quarto maior produtor de grãos do mundo e o segundo maior exportador e tem tudo a ver com as coisas que acontecem na Embrapa, tanto aqui neste centro, em Concórdia, quanto nos demais centros esparramados no Brasil, a visita hoje aqui ela vem porque nós precisamos modernizar nosso sistema, já não temos mais capacidade de continuar como nós estamos fazendo na inspeção federal e a Embrapa, tem trabalhos, já vamos ver o piloto funcionando e vamos ter uma redução significativa no número ou na necessidade de pessoas nas linhas de produção, isso porque nosso sistema é um sistema antigo e ficamos procurando doenças, evidências de doenças em carcaças de suínos e frangos que já não temos mais, agora o ministério não pode simplesmente deixar de fazer, temos que ter um respaldo científico para tomar essa decisão e quem está dando esse respaldo é a Embrapa de Concórdia”
MEDIDAS APÓS CARNE FRACA
“O Brasil há muito tempo vem prometendo ao mercado de fora, aos outros países, mudanças de alguns sistemas. Nós nos últimos anos ficamos infelizmente só na palavra, só dizendo que vamos fazer e não tomamos providência, agora, com esses eventos e com minha chegada ao ministério nós aceleramos os processos, estamos fazendo uma verticalização no sistema de inspeção também. Precisamos demonstrar muito cabalmente para o mercado internacional e para os consumidores internos que o processo de inspeção é um processo técnico, não é um processo político como muitos acham que é e às vezes a gente deixa até evidências de que é, então a postura do governo é deixar bem claro o que é a parte política o que é a parte técnica, técnica quem responde, quem dá as diretrizes são os técnicos, através de experimentos como esse que estamos visitando aqui em Concórdia hoje.”
REDUÇÃO NAS EXPORTAÇÕES
“Primeiro que eu não acredito que vão ocorrer reduções porque a gente aprende com as pancadas que leva. O que foi a crítica no ano passado sobre o Brasil? Era que não fomos transparentes ou rapidamente transparentes em informar os compradores dos países o que estava ocorrendo, agora vocês conhecem que foi um problema muito mais teatral do que propriamente de conceito mas que criou um problema muito grave na imagem do país e na concepção das pessoas sobre os produtos brasileiros. Neste episódio agora, antes da imprensa divulgar e como o Ministério da Agricultura acompanhou nos últimos dias esse assunto, nós já na segunda-feira pela manhã já avisamos todas as embaixadas do Brasil fora e todas as embaixadas de fora que estão aqui no Brasil de forma clara e transparente. Feito isso, na sequência a gente prosseguiu mandando informações. E não tem nenhum movimento de nenhum país até agora em dizer vou descredenciar ou não quero mais, é uma coisa completamente diferente, e também há que se deixar claro que os problemas que ficaram aqui evidenciados, nesta operação que envolveu a BRF, são problemas de 2014, 2015. Não tem absolutamente nada neste momento. E o ministério da Agricultura e eu como ministro tenho que dar esse testemunho que desde 2017, quando ocorreu a primeira operação essa empresa ela ficou sob os nossos holofotes, ficou sob o nosso radar, sob a nossa responsabilidade, de estar checando permanentemente os processos deles, então nós temos confiança de dizer que no período de 2017 para cá a empresa estava sob a nossa vigilância, e se surgiram coisas novas em novas investigações são coisas que nós não soubemos. Temos atestado que até agora nós não temos nada que possa desabonar a conduta da empresa. E é isso que a gente está explicando fora e essa explicação está sendo aceita. Porque nós somos o ministério da agricultura nós somos os olhos e os ouvidos dos compradores, nós é que garantimos essa qualidade. Tem uma investigação policial, tem. A polícia faz a parte dela tem todo o apoio nosso,nossos posicionamentos são muito claros e por isso não vejo até esse momento nenhum problema como teve na outra vez.”
IMPACTO NA ECONOMIA
“Nós neste momento estamos reforçando nossas fiscalizações, nós vamos estar permanentemente em cima da empresa agora, checando e rechecando os testes de laboratório, nós não vamos permitir que nada saia por um determinado período pois nós temos que dar essa garantia, que não seja fiscalizado pelo Ministério da Agricultura. Os consumidores podem ficar totalmente seguros que não há fisco para a saúde pública. E a salmonella só está nessa baila porque alguns países que não aceitam, mas são só 12,o restante tem a mesma legislação que o Brasil. A presença de salmonella é permitido porque nós não comemos carne de frango in natura, nós comemos frita, cozida, que não faz mal nenhum. Então nós temos problemas com alguns países mas obviamente o comprador tem sempre razão, ele quer comprar aquilo que ele quer, por isso nós temos que apertar nesses controles.”
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LIMITES DE SALMONELLA
“Os limites existem, por isso existem os laboratórios e existem laboratórios oficiais para checar os laboratórios conveniados, aliás dos três laboratórios investigados pela Polícia Federal dois deles estão descredenciados pelo Ministério da Agricultura desde 2016. O limite é a nossa fiscalização. Se acharmos algo errado perde o credenciamento e ele tem um tempo para se readequar, tem um tempo fazer as mudanças, um plano de contingência, um plano de ação, depois pode voltar. Mas neste caso, desde 2016 eles não tinham nem voltado com esse sistema.”
COREIA DO SUL E RÚSSIA
“São mercados importantes, estamos tentando reabrir a Rússia, tem muita necessidade. A parte ministerial, a minha parte nas negociações conclui todas elas. Eles queriam há muito tempo poder exportar trigo para o Brasil, exportar peixes para o Brasil, exportar picanhas para o Brasil. Eles não tinham nenhuma autorização dessas, hoje eles têm as autorizações e podem fazer. Mas nós não conseguimos voltar. Na semana passada procurei o presidente Michel Temer e pedi a ele para fazer um telefonema para o presidente Putin para ver se a gente destrava num nível maior. E há uma previsão de uma conversa em Bruxelas no dia 8 de abril e eu espero que seja uma data para a gente poder abrir esse mercado.
Coreia. Coreia ainda hoje pela manhã recebi uma mensagem do nosso adido de que estamos na fase final de credenciar o Brasil para exportar e termos o certificado. E aí espero que a Coreia possa folgar um pouco essa questão da Rússia. E até é importante, disse ontem para o presidente da Aurora e outros com quem tenho conversado do setor de suínos que Rússia em 2003, 2005 começou um programa de produção de suínos. É um mercado que temos que começar a desconsiderar e inclusive considerar que eles virão para o mercado como exportadores e por isso temos que abrir novos mercados. Mas assim, na minha avaliação, o que será definitivo na questão dos suínos no Brasil? Em 2023, 2024 o Brasil ficará livre de febre aftosa sem vacinação, e aí sim, aí o mercado mundial, os mais exigentes, todos eles se abrem para o Brasil: Estados Unidos, Europa, Japão, enfim, todo mundo fica aberto para o Brasil vender. Agora em maio vamos receber o certificado, lá em Paris, de um país livre de aftosa com vacinação e já iniciamos o processo de retirada da vacinação lá pelo Norte, lá por Rondônia, Rorraima, Amapá e vem descendo até chegar ao Rio Grande do Sul em 2023, 2024.”