A leitura do voto do ministro Celso de Mello, na noite de segunda-feira, no julgamento do mensalão chamou a atenção pela citação do desembargador catarinense Ernani de Palma Ribeiro.

Continua depois da publicidade

O magistrado, falecido há oito anos, era reconhecido por ter uma visão moderna do Judiciário e ganhou notoriedade na década de 1970 por conceder habeas corpus ao cantor Gilberto Gil, preso em Florianópolis em 1976, por porte de maconha.

O acordão catarinense foi citado durante o voto sobre o crime de formação de quadrilha. Para o juiz Rodrigo Collaço, que teve Ernani como seu vice durante o mandato na presidência da Associação dos Magistrados Catarinenses, apesar de antigo, o acordão manteve uma “atualidade ímpar”, como se Ernani tivesse se antecipado ao tempo.

– Parece que ele estava antevendo que as quadrilhas iriam se sofisticar, se integrar de uma maneira que funcionaria mesmo que os membros não se conhecessem – avalia Collaço.

Continua depois da publicidade

Segundo conhecidos, Ernani era uma pessoa sensível e justa, mas rigoroso como juiz. O desembargador aposentado Nauro Collaço, que participou junto com Ernani do julgamento citado por Celso de Mello, descreve o colega como um juiz que tinha uma vontade tremenda de ajudar a todos.