Pela primeira vez em visita oficial a Santa Catarina na condição de ministra, Sonia Guajajara teve compromissos em Biguaçu, onde foi inaugurada a Unidade Básica de Saúde Indígena (UBSI), e na Assembleia Legislativa. O prefeito de Florianópolis, Topázio Neto (PSD), também a recebeu na manhã desta terça-feira (21).
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O assunto em pauta foi a situação dos Kaingang que se encontram no Terminal do Saco dos Limões (Ticam) e a resolução do projeto da casa de passagem para esses indígenas que se deslocam até a Capital para vender artesanato.
Em entrevista ao site NSC Total, a ministra explicou que sua vinda faz parte de uma estratégia de até o final do ano visitar os estados brasileiros. Também falou de suas expectativas com relação ao voto, nesta quinta-feira, do veto do presidente Lula (PT) ao marco temporal, tese jurídica derrubada no Supremo Tribunal Federal.
— Nós continuamos trabalhando, articulando e dialogando com os senadores e deputados para que mantenham os vetos do presidente – disse.
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“Demarcar terras indígenas é um benefício coletivo para toda a sociedade”, diz ministra
Recentemente, Sonia Guajajara falou sobre o desafio de se repensar o modelo de desenvolvimento do mundo. Para ela, essa questão passa pela demarcação dos territórios indígenas. A ministra lembrou que essas áreas se apresentam como as mais preservadas no país.
— A presença indígena é comprovadamente a garantia de floresta em pé, de água limpa, de alimentação sem veneno. Demarcar terras indígenas, há muito tempo, deixou de ser somente um papel dos povos indígenas, tem que ser também uma articulação da sociedade, pois é um benefício coletivo para todas as pessoas – reforçou.
Veja fotos da visita da ministra ministra, Sonia Guajajara a SC
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Acerca do Morro dos Cavalos, área indígena em Palhoça, na Grande Florianópolis, homologada desde 2007, a ministra garantiu que o processo está avançando e permanece na lista a ser assinada pelo presidente Lula.
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Para ela, buscar o diálogo com o governo de SC é importante:
— A gente sabe que há interesses divergentes em todas as áreas. Mas como ministra, eu preciso conversar com todo mundo, principalmente com os que são contrários aos povos indígenas. Precisamos fazer demarcações e isso exige regularização das áreas – afirmou.
Presença política indígena nas assembleias estaduais
Sonia Guajajara também falou sobre a representação política indígena no parlamento. Deputada licenciada pelo PSOL (SP), a ministra defendeu o fortalecimento dessa participação nas esferas estadual e federal.
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Também cumprem mandato Célia Kakriabá (PSOL-MG), Silvia Waiãpi (PL-AP) e Juliana Cardoso (PR-SP).
— Nós entendemos que é nas assembleias, na Câmara e Senado federal que se tomam as decisões sobre nossos direitos e que precisamos fortalecer essa presença nas assembleias legislativas, o que até então não conseguimos.
A ministra tinha agenda com o governador Jorginho Mello, mas o compromisso foi desmarcado pela assessoria do governador. O motivo foi a previsão de chuva.
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