A ministra da Saúde, Nísia Trindade, afirmou, nesta quarta-feira (19), que medidas de segurança não vão, isoladamente, evitar tragédias como o ataque à creche Cantinho Bom Pastor, em Blumenau. Ela defendeu, em complemento, a promoção da saúde mental no país.
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— A questão da violência, esse evento traumático que tem sido respondido muitas vezes com a ideia de que precisamos de mais segurança… claro, medidas de segurança são importantes, mas, de forma isolada, elas não protegem. O que protege é uma mudança no nosso comportamento social e uma atenção especial às nossas crianças e aos nossos jovens na escola, na família, mas também na política pública — disse.
A fala ocorreu em participação da ministra em sessão conjunta das comissões de Saúde (CSaúde) e de Direito da Pessoa Idoso (CIDOSO) na Câmara dos Deputados, em Brasília, acompanhada in loco pelo NSC Total.
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No caso de Blumenau, o delegado-geral da Polícia Civil, Ulisses Gabriel, havia afirmado, na ocasião da conclusão do inquérito, que o autor do ataque tem o que chamou de tendências esquizofrênicas, despertadas, segundo a família do acusado relatou às autoridades, pelo uso de cocaína pelo assassino nos últimos três anos.
Em Brasília, a ministra da Saúde diferenciou, no entanto, doenças mentais de saúde mental, pedindo atenção também aos cuidados com o que tratou como traumas coletivos, compartilhados por toda a sociedade, citando como exemplo a pandemia de Covid.
— Fala-se muito da saúde mental, de doenças mentais. A questão da saúde mental é mais complexa, não significa doença mental necessariamente. Precisamos fazer a promoção da saúde mental com mais solidariedade, com mais contato voltado para ações mais positivas. Isso é uma tarefa de governo, mas creio que tenha que ser uma visão de todos os Poderes e, sobretudo, um trabalho a ser feito junto à sociedade.
Ela afirmou que, entre as prioridades do ministério, está o reforço a esse tema, em especial após a entrada da pasta em um grupo interministerial do governo Lula (PT) para discutir políticas públicas de resposta aos ataques.
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— Pensamos em uma série de ações ligadas à reestruturação da rede de atenção psicossocial. Eu sugiro um debate específico sobre esse tema, que tem sido muito falado não só pelo impacto da pandemia, mas com a mudança do mundo do trabalho, nas relações familiares e nas visões de ódio que, infelizmente, se propagam no mundo todo — afirmou a ministra.
Nísia ainda pontuou, entre as prioridades da pasta em seus primeiros 100 dias de gestão, a retomada do controle vetorial de doenças, dando destaque à dengue, com situação de emergência em Santa Catarina.
No último dia 14, o ministério da Saúde já havia autorizado o repasse de R$ 1 milhão ao governo catarinense para combater a doença. O valor frustrou, no entanto, a gestão Jorginho, que esperava um maior aporte.
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