A morte de um homem de 63 anos, que segundo familiares esperou ontem quase duas horas para ser atendido pelo Samu em Joinville, será alvo de investigação do Ministério Público Federal (MPF).

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O irmão de Vitor Felippi, Aldo Felippi, afirma que o primeiro telefonema ao serviço, com o pedido de socorro, foi feito por volta das 9 horas. Segundo a Central Funerária, Vitor morreu às 10h53, em sua casa no Vila Nova.

– No Samu, disseram que só podiam socorrer emergências, mas explicamos que ele estava com dificuldade de respirar -, relata Aldo.

A família recorreu aos bombeiros e recebeu a explicação de que casos clínicos devem ser atendidos pelo Samu. Na resenha da corporação, não constava o pedido de apoio feito pelo serviço. Uma filha de Vitor chegou a correr ao posto de saúde, a 200 metros da casa, para pedir ajuda.

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– Disseram a mesma coisa, que tínhamos que chamar o Samu -, conta Aldo.

Até um vereador foi contatado pela família. Aldo justifica não ter movido o irmão por desconhecer o problema de saúde que o acometeu.

– Pensei em levá-lo no meu carro, mas a gente nunca sabe se mexer com a pessoa não vai piorar a situação -, justifica.

Às 10h52, Aldo telefonou novamente para o 192 e conseguiu garantia de que uma ambulância estava a caminho. O irmão da vítima diz que quando eles chegaram, não deu tempo para mais nada.

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– Os socorristas tentaram reanimá-lo, mas não teve mais volta -, conta Aldo.

Vitor será sepultado nesta terça-feira no Cemitério Cristo Rei. Era casado e tinha três filhos. Segundo Aldo, havia superado um câncer na bexiga e estava afastado das plantações de arroz havia um ano.

Segundo o procurador da República Mário Sérgio Barbosa, o MPF vai apurar se houve negligência. O MP avalia a atuação do Samu desde outubro, quando entrou com ação na Justiça solicitando mais médicos e infraestrutura.

Contraponto

Coordenador do Samu no Norte de SC, Niso Balsini disse na segunda-feira à noite que o caso será apurado.

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– Tem que abrir investigação para ver o que ocorreu. Provavelmente foi falta de ambulâncias -, afirmou.

Joinville conta com apenas três ambulâncias do Samu; os bombeiros têm quatro. Desde agosto, a gestão do Samu de SC foi licitada pelo Estado a uma organização social, a Sociedade Paulista de Medicina.