O Ministério Público (MP) do Paraná vai investigar a ação que deixou, na quarta-feira, 213 manifestantes e 21 policiais feridos no Centro Cívico de Curitiba. Ao menos 30 pessoas foram ao MP na quinta-feira para denunciar aos procuradores abusos e truculência dos agentes.
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O governo negou e reiterou que a infiltração de black blocs causou o confronto. Sem citar diretamente o Paraná, a presidente Dilma Rousseff disse, na quinta-feira, que “manifestações dos trabalhadores são legítimas e temos de estabelecer o diálogo sem violência”.
O MP ainda recolhe relatos sobre o que motivou os policiais a deixarem o cerco que faziam à Assembleia Legislativa – onde foi votado e aprovado um projeto que muda a previdência estadual.
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– Vamos depois ver como é a cadeia de comando, quem deu as ordens. Fizemos as mesmas recomendações da Copa. Garantir a ordem é também garantir o direito de manifestação – comentou o promotor dos Direitos Humanos, Olympio de Sá Sotto Maior.
Enquanto testemunhas relatavam abuso da Polícia Militar (PM), que usou gás e balas de borracha para conter os manifestantes, a coordenadora de imprensa da PM do Paraná, Marcia Santos, dava entrevista à BBC Brasil afirmando que “desproporcional seria o uso de armas letais”:
– O uso da força foi progressivo. Se você olhar as imagens, os policiais estavam pacíficos. Foi gradativo.
Já o presidente da Associação de Praças do Paraná (Para), Orelio Fontana Neto, foi ao MP para entregar imagens que comprovariam a existência de black blocs na manifestação. Ele estava acompanhado da soldado Kátia Queiróz, que teve uma luxação na perna durante o conflito. “Eu estava na grade e depois que (black blocs) a derrubaram, minha perna ficou presa e ainda passaram por cima.”
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Aos procuradores, Célio Rinaldin Spósito, que leciona História há 22 anos em Cianorte, dava outra versão.
– Foram duas horas de guerra. São servidores, não homens armados. Eu estava a poucos metros quando eles vieram em nossa direção – disse.
Em reunião com líderes de centrais sindicais, em Brasília, a presidente Dilma Rousseff repudiou a violência em qualquer protesto e defendeu “respeito às manifestações, respeito às diferenças de opinião”.
– Para construir consenso e evitar a violência, o único caminho existente é o caminho do diálogo – afirmou.
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* Estadão Conteúdo