Em mais uma ação da força-tarefa do Grupo Permanente em Defesa das Pessoas em Situação de Rua do Ministério Público de Santa Catarina (MP/SC), membros das instituições participantes abordaram pessoas em situação de rua que circulam e moram na Lagoa da Conceição, em Florianópolis. A vistoria, que além de pessoas vulneráveis socialmente, também buscou encontrar foragidos da Justiça e gente que por ventura tinha cadastro de desaparecido em Santa Catarina ou outros estados. A ação, que adentrou esta madrugada, percorreu as ruas e imóveis abandonados do bairro, cuja população incha nos meses que antecedem o verão.

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Representante do MP/SC no grupo, o promotor Daniel Paladino, conta que o primeiro imóvel vistoriado pelas equipes das polícia Civil e Militar, além do Instituto Geral de Perícias e Prefeitura de Florianópolis, foi um amplo casarão que pertence a um órgão público – durante a abordagem ainda existia a dúvida se a casa pertence a um órgão estadual ou federal -, na região da Ponta das Almas.

A casa, com camas, mesas e guarda-roupas, era ocupada por cinco homens, quatro argentinos e um gaúcho – dois dos argentinos disseram que estavam na Patagônia antes de virem para o Brasil. Também com eles, foram abordadas duas jovens argentinas, que estavam às margens da Lagoa, e de Florianópolis planejavam seguir para a Bahia. No grupo, não havia ninguém pedido pela Justiça nem foram encontradas drogas. Como alguns dos rapazes estavam sem documentos, os peritos do IGP colheram as digitais para comporem um banco de dados das autoridades.

— Amanhã mesmo vamos fazer contato com o órgão proprietário do imóvel para saber o que eles pretendem em relação ao imóvel, determinar o lacre da casa, e esperar pela destinação que eles darão — afirma Paladino, que lembra a importância do trabalho que nesta madrugada vistoriou seis imóveis abandonados na Lagoa, bem como tradicionais redutos de moradores de rua, exemplos do centrinho e da Ponta do Pitoco.

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Uso de drogas, perturbação de sossego, eventuais pessoas desaparecidas e foragidos à solta eram o foco do que Paladino classifica como “choque de ordem”. Com a proximidade dos meses mais quentes do ano, observa o promotor, a Lagoa é um bairro que tende a atrair ainda mais o povo que vive nas ruas da Capital.

Vizinho do imóvel público utilizado pelos moradores de rua, o aposentado Nilvaldo Diegoli, 73 anos, conta que a comunidade da Ponta das Almas está se organizado para fazer um mutirão de limpeza na casa abandonada no próximo sábado, tudo para tentar evitar que essas pessoas voltem a ocupar o casarão.

Segundo o Ministério Público, esse tipo de vistoria já ocorre há quatro anos na Capital. O objetivo é identificar os moradores e tentar incluí-los no atendimento especializado do município. Nas operações, a equipe levanta as razões pela qual as pessoas estão morando nas ruas e oferece o recolhimento em albergues e possíveis tratamentos médicos.

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— Pretendemos fazer aqui na Lagoa constantemente, mas também no centro da cidade, às terças e quintas, no Continente, norte da Ilha e outros lugares que o pessoal circula e vive. Nos últimos anos, nós lacramos entre 32 e 33 imóveis abandonados na cidade. Imóveis públicos e particulares que ficaram vazios e foram ocupados por essas pessoas — explica Paladino.