Quatro peruanas mantidas em condições de trabalho análogas à escravidão em Florianópolis conquistaram a liberdade e os direitos trabalhistas em acordo intermediado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) em Santa Catarina. O acerto ocorreu no fim de novembro e veio a público na semana passada.

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Conforme informações do MPT, as mulheres prestaram serviços a um casal de chilenos em uma mansão na Capital por quase dois anos. Elas foram contratadas para limpar, cozinhar e cuidar de um casal de idosos que vive acamado. Embora com direito a comida e moradia de qualidade, as peruanas trabalhavam 15 horas por dia, sem direito a folgas semanais ou férias e com a liberdade restrita, ficando à disposição dos chilenos o dia inteiro.

Ainda segundo o MPT, o salário era depositado direto na conta de familiares no Peru. Elas recebiam, em mãos, apenas R$ 100 pelos domingos trabalhados. Além disso, vinham com passagem de volta comprada pelos empregadores, mas tinham que permanecer na casa por períodos longos e somente poderiam voltar ao Peru quando indicassem outra trabalhadora para substituí-las, no caso de desistência do trabalho.

Após receber a denúncia, o Procurador do Trabalho Luciano Carlesso ajuizou uma medida cautelar junto à Justiça do Trabalho para entrar na mansão com a Polícia Federal e verificar a situação. Após a diligência e a tomada dos depoimentos das trabalhadoras, os bens da família foram bloqueados. Em audiência administrativa, o casal de chilenos aceitou regularizar toda a situação, firmando um Termo de Ajuste de Conduta (TAC).

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Além de todos os direitos trabalhistas, como carteira assinada, horas extras, depósito de FGTS, décimo terceiro salário, indenização por dano moral individual, entre outros, as peruanas vão receber R$ 121 mil de indenizações. Os chilenos assumiram ainda obrigações específicas para a contratação de estrangeiros, assegurando passagens de ida e volta a cada seis meses com permanência no país de origem pelo período mínimo de 10 dias, bem como contato semanal com os familiares, pago pelos empregadores.

Com a regularização da situação, três das peruanas vão permanecer no Brasil, trabalhando para o mesmo casal. A quarta mulher decidiu retornar ao Peru.