A promotoria de Infância e Juventude do Ministério Público de Santa Catarina deve decidir nesta quarta-feira se abre ou não inquérito para apurar novas denúncias de irregularidades contra o Hospital Infantil Joana de Gusmão. Desta vez, o foco será as condições em que se encontram a unidade A – local para onde serão levadas as 14 crianças com câncer da instituição.

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Segundo os familiares desses pacientes, o setor não é adequado para recebê-los: seria insalubre e com espaço insuficiente para abrigar todo o grupo. A transferência ocorre ainda esta semana – a terceira em nove meses. Em junho do ano passado, a unidade de oncologia foi interditada por risco de infecção de fungos _ e os pacientes, por sua vez, transferidos para a unidade C. A reforma no local teve início no fim do ano.

Agora, porém, as crianças com câncer serão novamente remanejadas, porque o local onde estão desde junho, a unidade C, irá receber os pacientes de UTI. A Unidade de Terapia Intensiva também irá passar por uma reforma de ampliação – aumentando o espaço dos atuais oito para 20 leitos.

– Já não estamos no lugar adequado, e agora vamos para um pior ainda. Lá tem vazamento, infiltração, esgoto brotando de um buraco no chão e rachadura nas paredes. Levar nossos filhos para lá é como assinar a sentença de morte deles – lamenta a dona de casa Graziela Cândido, mãe de um menino de seis anos que sofre de leucemia e aguarda na fila por um transplante de medula.

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O diretor geral do hospital, Roberto Moraes, explica que a unidade A passou por uma pequena reforma nos últimos 20 dias, justamente para receber os novos pacientes. O local, que vinha recebendo os casos psiquiátricos, estava desativado há quatro meses esperando pelo início de uma ampla reforma. É o único espaço vazio que poderia receber o grupo neste momento.

– A área física do setor não tem nada que comprometa a segurança das crianças. Preparamos bem o local para recebê-las e, agora, todos que estão internados aqui precisam aceitar as normas do hospital – diz.

As reformas na UTI começam na próxima terça e deve se estender ao longo de todo o ano. Já a oncologia, que está com as obras em atraso, ganhou um novo prazo de inauguração – o que deve acontecer em até 45 dias.

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Se o inquérito for mesmo aberto, será o terceiro que o MP instaura contra o hospital em cinco anos. Em 2008, a primeira ação apurou denúncias de falta de pessoal, depois, de infraestrutura e questões sanitárias. Ambos os casos estão no Judiciário e aguardam uma resolução do juiz.

Nesta quarta, a deputada estadual Ana Paula Lima (PT), que é enfermeira e foi quem levou as denúncias dos pais dos pacientes ao MP, deve fazer uma vistoria no hospital junto com a comissão de saúde da Assembleia Legislativa. A visita ocorre às 9h.