A descoberta de um esquema que fraudava a arrecadação de Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) na Receita Estadual de Joinville levou à denúncia de 14 pessoas.
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O trabalho do Ministério Público começou em setembro do ano passado e denunciou o ex-gerente da Receita Estadual no município José Wilson Souza de Oliveira, por corrupção passiva e inserção de dados falsos em sistema de informações, e outros 13 empresários da região por corrupção ativa.
Segundo o promotor de Justiça Assis Marciel Kretzer, a fraude teria impedido de chegar aos cofres estaduais R$ 12 milhões em impostos nos últimos quatro anos.
Apesar de a investigação ter iniciado há um ano, os primeiros indícios de corrupção no pagamento de ICMS foram encontrados em fevereiro de 2011.
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Segundo Kretzer, um funcionário da gerência regional da Receita Estadual de Joinville percebeu que o saldo devedor do imposto de uma empresa havia sido zerado sem explicação e encaminhou a notificação com indícios de irregularidade para o MP investigar.
O promotor explica que foi constatada a utilização de um código na operação que zerou o saldo devedor da empresa, e que esse código não era compatível com o de pagamento.
Como não havia justificativa para a operação, o MP entrou em contato com o auditor fiscal responsável pela notificação e o saldo da empresa voltou a aparecer no sistema algum tempo depois.
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– O processo prova que foi o ex-gerente regional da Fazenda Estadual que mandou zerar o saldo -, afirma o promotor.
Para verificar se havia outras operações fraudulentas no sistema da Receita, o MP rastreou o uso do código 37 nos últimos cinco anos e constatou o zeramento ou a diminuição no saldo devedor de 13 empresas da região de Joinville.
Segundo Kretzer, o MP tem provas de que Oliveira beneficiava empresários em troca de propina.
– Quatro empresários confessaram ter pago pela diminuição ou pelo zeramento do saldo. Além disso, os outros não conseguiram demonstrar como teriam sido beneficiados -, afirma o promotor.
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O juiz Gustavo Henrique Aracheski da 2ª Vara Criminal de Joinville deu um prazo de dez dias para que os empresários denunciados apresentem suas defesas. Para o funcionário público, o prazo é de 15 dias.
A denúncia do MP também pedia a prisão preventiva do ex-gerente, mas o juiz não a concedeu por considerar que ele não atrapalha as investigações. Oliveira foi afastado do cargo há um ano e não oferecia risco de prejudicar a apuração, destacou o juiz.
Contraponto
A reportagem ligou para o celular do ex-gerente da Receita Estadual em Joinville José Wilson Souza de Oliveira por três vezes mas não conseguiu falar com ele. A mulher dele atendeu à uma das ligações e disse que o advogado do marido poderia falar sobre a denúncia.
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A reportagem tentou por cinco vezes contato com o advogado, que está no Rio de Janeiro a trabalho, mas ele não atendeu.