O Ministério Público do Trabalho em Santa Catarina está processando a Companhia Melhoramentos da Capital (Comcap), o presidente da empresa e o município de Florianópolis por irregularidades trabalhistas. O valor da indenização é de R$ 8 milhões de reais para reparar danos morais coletivos.

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De acordo com três inquéritos civis, há comprovação de que a Comcap submeteu trabalhadores a jornadas de trabalho de até 15 horas e 30 minutos por dia na coleta de resíduos sólidos, principalmente na temporada de verão; não fez a reabilitação funcional de empregados vítimas de acidentes de trabalho; demitiu de forma discriminatória; não observou a redução da hora de trabalho noturno e prorrogou jornadas em atividades insalubres. Os documentos dizem que os procuradores identificaram, por meio de investigações, “centenas de trabalhadores adoecidos, vivendo de benefícios do INSS”.

Uma tabela fornecida pela empresa e pelo sindicato ao longo dos anos comprova, segundo o MPT, que entre 2013 e 2016 ocorreram 1.289 acidentes de trabalho – a Comcap tem cerca de 2 mil funcionários.

ANO

CID M – Distúrbios Osteomusculares

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CID S – Traumatismos

Outros CIDs

TOTAL

2016

96 CATs

158 CATs

17 CATs

271

2015

104 CATs

207 CATs

24 CATs

335

2014

103 CATs

199 CATs

31 CATs

333

2013

107 CATs

224 CATs

19 CATs

350

1.289

Em decisão de junho de 2014 o Tribunal Superior do Trabalho (TST) condenou a Comcap a pagar cem mil reais a título de dano moral coletivo e impediu a empresa de transportar garis nos estribos dos caminhões de lixo, em razão de Ação Civil Pública ajuizada pelo MPT-SC.

Para os Procuradores do Trabalho Sandro Sardá e Luiz Carlos Rodrigues Ferreira, autor da Ação Civil Pública que condenou a Comcap na questão do transporte irregular, “é absolutamente grave e inconcebível a conduta da empresa ao descumprir uma decisão judicial, agora com o agravante de jornadas exaustiva, colocando em risco a vida de centenas de trabalhadores que exercem uma atividade essencial para a saúde pública e são desrespeitados em suas garantias básicas de preservação da vida”.

A autarquia municipal não se manifestou até a publicação desta notícia.