Novas revelações baseadas em documentos do ex-analista da Agência de Segurança Nacional (NSA na sigla em inglês) Edward Snowden apontam agora para o monitoramento do Ministério de Minas e Energia.
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No alvo, os servidores – cérebro da rede de computadores – usados para trocar informações estratégicas teriam sido invadidos pela agência de inteligência do governo do Canadá.
Conforme reportagem exibida neste domingo no Fantástico, haveria um mapeamento completo das comunicações telefônicas e por e-mail que partiram do Ministério de Minas e Energia. Assim como no caso da Petrobras, a suspeita é de que as informações tivessem finalidade econômica. O material foi apresentado há pouco mais de um ano, em evento que reuniu agências de EUA, Canadá, Grã-Bretanha, Austrália e Nova Zelândia, chamadas de Five Eyes, ou cinco olhos, em português.
Na reportagem do Fantástico, Glenn Greenwald, correspondente no Brasil do jornal britânico The Guardian, mostrou novos documentos entregues por Snowden. Um deles é um mapa detalhado das comunicações do ministério, em período não especificado. Nos dados, constam números de telefones fixos e celulares chamados, mas não há provas de que o conteúdo das comunicações tenha sido acessado. Apenas há registro de quem se comunicou com quem.
Lobão vê “fato grave” e digno de repúdio do Brasil
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Na avaliação do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, a revelação é indício de um “fato grave” que merece o repúdio do governo brasileiro. São ligadas à pasta a Petrobras e a Agência Nacional do Petróleo (ANP), que organiza leilões de áreas para exploração no Brasil. Além disso, o ministério, como diz o nome, é responsável pela mineração no Brasil. Das quatro maiores empresas do setor no mundo, três têm sede no Canadá. Lobão confirmou que o Canadá tem interesses no Brasil, mas disse não saber se há interesses comerciais na vigilância.
Segundo os documentos, os servidores do ministério foram acessados pela CSEC, agência de inteligência do Canadá. O programa de computador Olympia mapeou as comunicações com o objetivo de “descobrir os contatos do meu alvo (ministério)”, conforme os canadenses. Um dos servidores é responsável por criptografar as comunicações do ministro com autoridades como a presidente da República, Dilma Rousseff, e dirigentes de agências ligadas ao ministério. Segundo Lobão, videoconferências são comuns para tratar de temas como leilões de energia ou de petróleo, sob responsabilidade da pasta.
No início de setembro, outros documentos revelados por Snowden mostraram que a presidente Dilma Rousseff foi alvo da NSA, assim como seus principais assessores. Outra reportagem mostrou que a Petrobras também seria alvo da inteligência americana.