A madrugada do dia 28 de janeiro mudou a vida de Maria de Fátima Cecílio, 50 anos. Vaidosa e cheia de vitalidade, a moradora de Joinville foi vítima de uma agressão que prejudicou os seus traços e limitou os sentidos vitais. Caminhar, respirar, enxergar e se alimentar tornaram-se um desafio. Ela teve 40% do corpo queimados com óleo e ácido pelo ex-companheiro Lauri Amado de Souza Nery – condenado a 22 anos de prisão por tentativa de homicídio -, que não aceitou a separação.
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A madrugada que ainda está muito viva na mente de Maria de Fátima também mudou a vida da filha – Camilla Cabral, 24 anos. Foi ela quem socorreu a mãe, a carregou nos braços e chamou o socorro. O desespero de ver a mãe em um estado que definiu como “morte em vida” não a fez desistir. Durante os 11 meses em que a mãe esteve internada, Camilla acompanhou de perto os procedimento médicos. Foi nos corredores do Hospital São José que decidiu mudar de profissão e substituir a administração pela enfermagem.
– Eu ia todos os dias no hospital. Fiquei praticamente sozinha porque minha família não é daqui. E eu via a necessidade dela, os médicos falando que nunca tinham visto um caso desses e que ela precisaria de cuidados para sempre. Foi quando decidi fazer o técnico de enfermagem. Estou gostando do curso e sei que vai ajudar muito.
Maria de Fátima está recebendo cuidados da família para que a filha prossiga com os estudos. Embora não fique a semana toda ao lado da mãe, Camilla faz questão de manter contato a cada hora.
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– Falo com ela toda hora. Ligo para saber se está tudo bem, se tomou os remédios e se comeu. A gente conversa muito.
Apesar de todo o sofrimento e das dores físicas que ainda são constantes, Maria de Fátima surpreende pela fé e tem esperança de voltar a enxergar. A possibilidade é estudada por um oftalmologista que acompanha o caso.
– Quando saiu do hospital, ela quis passar na igreja, pois sempre teve muita fé em Nossa Senhora de Fátima. Eu disse que ela não poderia descer (por causa da claridade), mas ela queria muito, então eu a levei.
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Melhor do que levar a mãe para casa foi receber um abraço carinhoso dela depois de tanto tempo sem poder tocá-la. Aos poucos, Maria de Fátima está recuperando os movimentos. Cada evolução é uma conquista que mãe e filha pretendem comemorar sempre juntas.
– Não é fácil, é bem dolorido. Agora, ela está no mundo e tem que lutar contra tudo. Mas o fato de a minha mãe estar viva é um milagre. Ela precisa de paz e precisa ser um pouco feliz. Tudo o que eu puder fazer para alegrá-la, eu vou fazer.
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