Nasci em 25 de junho de 1963, em Terra Boa (PR). Éramos eu, minha mãe e mais quatro irmãos homens. Família humilde e guerreira. Em agosto de 1981, aos 18 anos, conheci um rapaz fantástico. Assistia a um namorado jogar futebol e outro jogador veio até mim e perguntou a hora. Depois, conversamos um pouco – escondidos, lógico. Uns amigos e amigas dele fizeram uma aposta para ver quem dava o beijo mais demorado. Nos beijamos e me lembro de ter contado, vagarosamente (risos), até 33. Na semana seguinte, meu namoro acabou. Um mês depois, ele pediu minha mão à minha mãe. Em 15 de maio de 1982 nos casamos, grávidos de seis meses do nosso filho Júlio Cesar.
Continua depois da publicidade
Éramos jovens e apaixonados, brigávamos e fazíamos as pazes com a mesma rapidez e facilidade. Nos tornávamos cada vez mais companheiros, confidentes, amantes, amigos. Sempre gostamos muito de conversar e isso nos ajudou a terminar as brigas sempre. Em 1986, após o médico dizer que não seria mãe mais – já havia tentado bastante _ me senti diferente: estava grávida de três meses e nasceu o Rodrigo Henrique. Mas queria uma menina ainda. Minha sogra trouxe uma fitinha de Aparecida do Norte e disse: faz teu pedido. E foi o que fiz. E ela veio, Ana Carolina, exatamente 10 meses depois do pedido, em 1988. Nos mudamos de Campo Mourão para Araucária (PR) e depois para Itapoá.
Em 1995 nasceu Bruno Augusto e minha alegria se completou. Isso eu achei no começo. Um ano depois bateu uma depressão, uma sensação de inutilidade, faltava vontade para tudo, brigava por tudo. Gostaria muito de voltar a estudar e aos 35 anos fui à luta. Fiz supletivo noturno. O último ano do ensino médio, meu filho mais velho cursou junto comigo, me senti honrada e realizada. Depois, fiz Enem e vestibular para Biologia. Cursei quatro anos na Univille, uma viagem de 80 quilômetros toda noite, após um dia de trabalho. Nesse meio-tempo, nasceram duas joias, duas netas: Maria Eduarda e Yasmim. Foram meus presentes de formatura. Hoje sou bióloga, formada em ciências biológicas licenciatura. Educadora social, funcionária da prefeitura. Mãe de quatro filhos maravilhosos, avó, e após 32 anos, ainda sou esposa de Jair Rodrigues de Souza.
Ainda brigamos e fazemos as pazes com a mesma rapidez e facilidade. Prestes a completar no dia 25 de junho, 52 anos, bem lutados, bem vividos, bem amados. Dia 5 de julho meu marido completa 53. Hoje sei quem sou, sei o que quero, sei o que tenho. Eu sou Ercília.
Continua depois da publicidade