Se no dicionário a definição de “surfe” é clara e objetiva ao falar de um atleta deslizando numa onda de pé em uma prancha, na vida real a prática do esporte exige um pouco mais do que meias palavras para uma descrição básica da sensação de se manter ereto sobre uma artefato tão instável.
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E foi atrás dessa experiência que as meninas do Na Ponta da Língua resolveram encarar mais um desafio para a série Se Joga no Verão.
Uma aula de surfe, na cara dura. Para ajudar na teoria, ninguém mais ninguém menos que Adriano de Souza, o Mineirinho, 28 anos, campeão mundial de surfe de 2015.
Para a parte prática, pé na areia, receberam conselhos amigos de Adriano Lemos, o Barriga, um descolado professor de surfe da praia dos Ingleses, norte da Ilha de SC. Conclusão: desafio cumprido com muitos caldos e a certeza que surfe e saúde andam juntos.
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:: Assista o vídeo das blogueiras surfando
Na teoria
Quem poderia saber mais de surfe do que o campeão mundial do esporte? Sim, Adriano de Souza, o Mineirinho! E com perguntas diretas para o campeão, as blogueiras buscaram entender o fascínio que surfistas do mundo todo têm pelo desafio de encarar, por vezes, ondas que ultrapassam qualquer bom senso. Mineirinho respondeu questões básicas, mas confirmou a certeza de que sabe bem do que está falando
Que benefícios o surfe traz para mente e corpo? É mesmo um vício como muitos dizem?
Eu considero o surfe um esporte completo, pois além de ter todos os benefícios da natação, trabalha muito com as pernas, levantando e subindo da prancha. Além disso, fazer um esporte aliado à natureza, ao mar, não vejo nada igual. Sobre o vício, olha, eu não conheço ainda um ex-surfista!!! Kkkkk 🙂
Existe um estímulo muito grande para a garotada, que pode encontrar na prática do surfe um futuro mais equilibrado e saudável. Mas para as pessoas mais velhas?
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O que o surfe poderia contribuir para vida de quem já está na meia-idade. É possível?
Claro que sim, existem muitas escolas de surfe espalhadas pelo Brasil afora, onde as classes são para todos, de qualquer idade e qualquer sexo. Eles irão começar a surfar num pranchão, e tenho certeza que a emoção de ficar em pé na prancha será tão grande quanto à que eu tenho por um tubo em Pipeline. É muito gostoso.
Que práticas saudáveis um campeão mundial de surfe teria para compartilhar? Alimentação, vida regrada?
Olha, eu tenho um fraco que poucos sabem, que é um bom bolo de chocolate, porém eu me regro e como somente quando estou tirando uns dias off. A minha alimentação é bem regrada. Tento comer sempre comidas orgânicas, muita verdura, frutas e um bom peixe.
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Surfe, para você, é mais corpo ou mais alma?
Eu acredito sempre no equilíbrio. Porém existe uma frase que não sai nunca da minha memória: mente sã, corpo são. Temos que buscar o equilíbrio e a união do corpo e da alma. Acredito que se o corpo está bem, a alma também estará.
O que passa pela cabeça de um surfista durante um tubo perfeito (som,pensamento, sensação?)?
Acho que a primeira sensação é: acho que esse tubo será o tubo da minha vida. Depois, quando atraso um pouco a saída, para ficar mais tempo dentro dele, vem aquela preocupação: “Agora tenho que acelerar pra sair daqui e não ser engolido” Kkkkk ?. E quando finalmente saio, a sensação é maravilhosa. Seria a de fazer um gol.
Na prática
A experiência de encarar o mar sobre uma prancha começou bem antes das meninas chegarem à praia. Cris Cordioli, com a forma que foge aos padrões habituais de quem precisa ter preparo físico e leveza para pelo menos conseguir o feito de se entrosar com a prancha, quase desistiu. O empurrão veio, literalmente, pelas palavras do Barriga:
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– Vai no teu limite, não se pega com o peso, tenho e já tive alunos que mudaram a vida depois de conhecer o verdadeiro espírito do surfe e tenho certeza que muitos se perguntam “será que eu vou aprender?” Pode, desde que acredite que pode – afirmou o professor, emplacando “o” pensamento positivo.
Deu certo, Cris conseguiu pegar umas ondinhas e comemora o feito:
– Fiquei feliz. Certo que teria que investir muito mais no meu preparo físico se quisesse repetir a experiência sem a ajuda de dois surfistas (um segurando a prancha e outro me dando apoio, bem no raso, para que eu ficasse cinco segundos surfando).
Que é difícil, as blogueiras descobriram já na areia, com um simples exercício repassado por Barriga. Deita na prancha, dá o impulso, se equilibra, coloca um joelho na frente do outro, ensinava o mestre das ondas…
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Jana Laurindo até fez bonito em terra, mas uma boa experiência no mar ficou para outro dia:
– Já tinha treinado algumas vezes stand up paddle, pensei que não iria ser muito diferente, mas foi. Muita coisa para se concentrar e tudo ao mesmo tempo. A onda não espera e você tem que acompanhar no tempo dela. Depois de ficar de pé, só precisava olhar pra frente, e quem disse que eu conseguia… Queria era olhar onde eu iria cair. No fim deu tudo certo, fiquei de pé algumas vezes no pranchão e ficaria ali mais algumas horas treinando, mas ficou para próxima. Sim, eu vou voltar a surfar!
E como Celina jura ser a que vende mais saúde das três, o compromisso de falar sobre a importância do preparo físico durante a experiência ficou com ela:
– Não dá pra surfar se não tiver com o corpo em dia, ou por que que vocês acham que surfista é tudo sarado? O esporte é um excelente exercício aeróbico e exige equilíbrio e agilidade. Isso sem falar nas costas e braços, que são trabalhados durante o movimento da remada. Nos primeiros 15 minutos na água já dá pra ver que não é moleza ficar de pé em cima da prancha. Os primeiros 15 minutos fora, pra quem não está preparado, dá a certeza disto. Abdômen dolorido, pernas que quase não se movimentam mais e os braços, olha, fica difícil até dar um tchauzinho.
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