Soldados israelenses trataram com rispidez diplomatas europeus nesta sexta-feira durante o confisco de barracas de ajuda humanitária destinadas aos palestinos que tiveram as casas destruídas pelo exército na Cisjordânia.
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Os soldados dispersaram à força um grupo de voluntários de organizações humanitárias, juntamente com diplomatas europeus, que tentavam distribuir ajuda para beduínos palestinos de Makhul, no Vale do Jordão (leste da Cisjordânia).
A diplomata francesa Marion Fesneau Castaing foi retirada à força do caminhão com a ajuda, relatou o jornalista.
– Uma diplomata francesa foi retirada sem a menor cerimônia do veículo que os militares israelenses confiscaram – disse uma fonte diplomática europeia que não quis se identificar.
Diplomatas de França, Reino Unido, Espanha, Grécia, Suécia, Irlanda e da União Europeia (UE) acompanhavam o comboio.
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– Houve uma tentativa de armar tendas de ajuda humanitária na região de Hemdat, no Vale do Jordão. Forças de segurança intervieram – relatou um porta-voz do exército israelense.
O Exército israelense demoliu na segunda-feira cinquenta construções em Makhul, incluindo doze casas, relacionadas a uma decisão da Suprema Corte israelense. A justiça decretou o local como “zona militar fechada”.
“Dez famílias compostas por 48 pessoas, incluindo 16 crianças, foram deslocadas”, informou o Escritório para a Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (OCHA) em seu mais recente relatório semanal.
O coordenador humanitário da ONU para os territórios palestinos, James Rawley, expressou “profunda preocupação” após o incidente desta sexta-feira.
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“Apelo às autoridades israelenses para que respeitem as suas obrigações como potência ocupante para proteger as comunidades sob sua responsabilidade, suspendendo a demolição de casas e propriedades palestinas” declarou Rawley em um comunicado.
“O deslocamento de toda uma comunidade palestina no território ocupado da Palestina é algo muito decepcionante que acontece em um momento delicado. Esperamos uma ação positiva no terreno” acrescentou, referindo-se à retomada das negociações de paz entre israelenses e palestinos no final de julho.
O exército israelense chegou a impedir na terça-feira o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) de instalar barracas para os agora desabrigados.
Makhul, assim como 90% do Vale do Jordão, está sob o controle total do Exército de Israel, que emite licenças de construção de maneira muito restritiva, obrigando o povo palestino a construir sem autorização, de acordo com palestinos e organizações de defesa dos direitos humanos.
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Israel destruiu desde o início do ano 524 estruturas pertencentes a palestinos na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, desalojando 862 pessoas, de acordo com estatísticas da ONU.