*Júlia Barbon e João Pedro Pitombo
O miliciano Adriano da Nóbrega, que morreu na manhã deste domingo (9) após uma operação das polícias da Bahia e do Rio de Janeiro, estava escondido no sítio de um vereador do PSL de Esplanada (BA), município de 37 mil habitantes a 160 km de Salvador.
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A casa é de Gilson Batista Lima Neto, conhecido como Gilsinho da Dedé. Ele disse que a propriedade estava vazia, que não tinha qualquer relação com o ex-policial militar e que só soube da operação porque um vizinho lhe telefonou para avisar da movimentação.
— Estou em Recife desde terça e hoje pela manhã recebi uma ligação de um vizinho dizendo que estava tendo um assalto, que a polícia estava atrás. Tentei entrar em contato com outras pessoas que estavam lá, comecei a receber mensagens sobre o acontecido e depois pela mídia soube que era esse Adriano — disse ele por telefone ao jornal Folha de S.Paulo.
Gilsinho afirma que logo depois ligou para o delegado da cidade para confirmar se era mesmo o seu sítio e perguntar se ele precisava de alguma informação, mas teria ouvido dele que a operação era da polícia especializada da Secretaria de Segurança Pública e que não tinha detalhes.
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Um vídeo mostra o interior da casa de Gilsinho após a operação da polícia. Os cômodos têm poucos móveis e a casa está bagunçada. Na sala, há uma grande poça de sangue no chão que se estende em direção a um quarto. Nesse quarto, há um colchão no chão, algumas roupas, mesas e cadeiras de plástico, um ventilador e outros objetos. No quarto ao lado, há várias sacas empilhadas, encostadas na parede. "Tinha gente aí, não tinha?", diz a pessoa que faz a gravação, não identificada.
Gilsinho confirmou que a casa retratada no vídeo é sua.
— É um sitio pequeno, não tem caseiro. Só tem essa casa como um depósito de sal, essas coisas. É minha desde, se não me engano, 2014. Tem um capinzinho, de vez em quando bota um gado. Não costumo ir pra lá — conta ele.
A última vez que o vereador esteve no sítio, diz, foi há 15 ou 20 dias.
— Inclusive não tem estrutura de casa de frequentar. Não tem cama, não tem essas coisas. Só passo quando tem alguma coisa, nunca dormi lá.
O currículo do ex-capitão Adriano da Nóbrega é extenso. Inclui três prisões e solturas, uma expulsão da PM e duas homenagens do agora senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro, além de ser investigado no caso da morte de Marielle Franco (PSOL).
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