Milhares de pessoas participaram da Marcha da Maconha, que pede a legalização da droga. De acordo com a Polícia Militar, cerca de 4 mil pessoas estiveram na marcha. Os organizadores esperavam mais de 10 mil participantes no ato.

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A concentração ocorreu no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), de onde os manifestantes saíram em passeata pela Avenida Paulista em direção à Praça Roosevelt, onde o ato foi encerrado. A marcha ocorre desde 2007 no Brasil. Em São Paulo, teve início em 2008. Este ano, o lema é Cultivar a Liberdade para Não Colher a Guerra.

De acordo com o integrante do coletivo Desentorpecendo a Razão, Rodrigo Vinagre, um dos organizadores do ato, a forma atual de combate às drogas está falida, levando à morte e prisão os jovens pobres e negros:

– Estamos aqui marchando pela paz e em busca de uma nova política para as drogas. A legalização da produção, distribuição e consumo da maconha é o primeiro passo para isso.

Vinagre explicou que a lei de 2006 criou a figura do usuário, com intuito de descriminalizar o consumidor, porém não define qual a quantidade para que o indivíduo seja considerado traficante ou não.

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– Essa lei é totalmente subjetiva cabendo ao policial definir se a pessoa é usuária ou traficante. Assim o branco de classe média é enquadrado como usuário, e um negro pobre da periferia como traficante mesmo que estejam com a mesma quantidade – afirma.

Em defesa do uso da substância como medicinal, um grupo de pessoas, usuário da maconha para minimizar sintomas de diversas doenças, caminhou na frente da marcha. A artista plástica Maria Antônia Goulart, de 65 anos, teve câncer há sete anos e contou que usou a maconha com consentimento médico.

– Isso me ajudou muito porque a maconha reduziu meus enjoos e dores, me deu sono, fome, me tirou do foco da doença – disse ela.

Quando terminou o tratamento, ela parou de usá-la. Em seguida, descobriu outra doença e retomou o uso para diminuir os efeitos da fibromialgia, síndrome que provoca dores por todo o corpo por longos períodos.

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Gabriela Moncau, do bloco feminista da Marcha da Maconha em São Paulo, avaliou que o debate da legalização da droga está ligado à questão de gênero:

– Tem o debate também do direito ao prazer. Até mesmo quando usam as drogas lícitas as mulheres são mal vistas. Uma mulher sozinha em um bar, que bebe em uma festa ou que use qualquer outra droga é vista como disponível. O debate do direito ao prazer vem casado ao direito ao próprio corpo.

Os organizadores da Marcha da Maconha avaliam que o ato ocorrida na tarde deste sábado foi positivo.

– A polícia não atrapalhou e conseguimos colocar um debate público para a sociedade sobre a importância da legalização das drogas -, afirmou a pesquisadora Juliana Machado, de 30 anos. – A PM deveria agir assim em todas as manifestações -, completou.

Não houve detidos ou drogas apreendidas, informou a assessoria da PM. Juliana também comentou o porquê do adiantamento da Marcha deste ano, que normalmente acontece em junho.

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– Fizemos mais cedo para ficarmos livres para o calendário de lutas de maio e junho. Nos próximos meses, vamos ter protestos contra a repressão, a polícia militarizada, contra o fato de não podermos usufruir da cidade que construímos e contra a Copa. Como movimento anticapitalista, vamos nos unir a essas lutas -, explicou.