Milhares de catalães foram às ruas nesta terça-feira (17) para protestar pela prisão de dois influentes líderes separatistas acusados de secessão pela Justiça, em meio a uma crise entre governo regional e central.
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Ao meio-dia, milhares de funcionários abandonaram seus postos de trabalho em Barcelona e outras localidades catalães para exigir em silêncio “a libertação dos presos políticos”, em referência a Jordi Cuixart, presidente da associação Òmnium Cultural, e de Jordi Sánchez, da Assembleia Nacional Catalã (ANC).
Na praça barcelonesa de Sant Jaume, o presidente catalão, Carles Puigdemont, e parte de seu governo se uniram aos manifestantes, que gritavam “liberdade”, “independência” e “a repressão não é a solução”.
A prefeitura de Barcelona suspendeu as atividades até quinta-feira (19) “em solidariedade” com os detidos, anunciou a prefeita Ada Colau.
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As próximas 48 horas podem ser cruciais para o futuro do conflito entre o Executivo de Madri e Barcelona, que levou o primeiro a rebaixar as previsões de crescimento econômico para 2018, de 2,6% para 2,3%.
“Todo o apoio às mobilizações, mas, sobretudo, não caiam nas provocações” do Estado espanhol, disse em entrevista coletiva o porta-voz do governo catalão, Jordi Turull, que advertiu: “A rendição não faz parte de nenhum dos cenários deste governo”.
– ‘Sem fundamento jurídico’ –
Os últimos acontecimentos chegam em meio ao bloqueio no contencioso criado pela vontade de independência do governo da Catalunha, uma região de 7,5 milhões de habitantes que representa 19% do PIB espanhol.
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O chefe do Executivo espanhol, Mariano Rajoy, pediu a Puigdemont que esclarecesse se declarou (ou não) a independência na semana passada, ao qual ele respondeu na segunda-feira com uma oferta de diálogo, esquivando-se de um “sim” ou “não”. Agora, o presidente catalão tem até quinta-feira para responder de novo e eventualmente retificar.
Nesse contexto, Cuixart e Sánchez foram presos e aguardam uma possível decisão da juíza Carmen Lamela, da Audiência Nacional, suspeitos de terem convocado e dirigido um protesto contra a Guarda Civil no dia 20 de setembro, em Barcelona.
Durante o dia, está prevista, a partir das 20h (16h, horário de Brasília), uma marcha de protesto com velas por um trecho da Diagonal, um dos principais pontos da capital catalã.
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“A decisão da Audiência Nacional de nos privar de liberdade é uma decisão carente de qualquer fundamento jurídico e processual”, disse Jordi Sánchez, em um artigo publicado no jornal “Ara”, o qual deixou preparado, caso fosse preso.
Já Cuixart deixou um vídeo, pedindo “serenidade” e anunciando que sua organização trabalhará “na clandestinidade”, se for necessário, de maneira pacífica.
O crime de sedição tem pena prevista de até 15 anos de prisão. Pelo mesmo caso, também foram indiciados o chefe de Polícia catalã, Josep Lluís Trapero, e uma subordinada sua, Teresa Laplana, que continuarão em liberdade, mas sem poder deixar o país. Ambos terão de se apresentar periodicamente à Justiça.
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Os autos apontam como Sánches e Cuixart como os “principais promotores e diretores” de uma concentração em 20 de setembro diante de um edifício do governo catalão onde a Polícia espanhola fazia buscas para impedir o referendo de autodeterminação na Catalunha de 1º de outubro.
Os manifestantes danificaram vários veículos policiais e dificultaram por horas a saída dos agentes.
Sánchez e Cuixart subiram em um veículo da Guarda Civil espanhola e convocaram a “mobilização permanente”.
A juíza determinou a prisão por temer a possibilidade de “destruição de fontes de prova”, ou “recorrência do delito”, pois – alegou – os dois pertencem a um “grupo organizado que busca, fora das vias legais, a independência da Catalunha”.
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* AFP