Milhares de pessoas ocuparam as ruas de Madri nesta quinta-feira para protestar contra as últimas medidas de austeridade do governo conservador, que preveem a elevação do imposto sobre o valor agregado (IVA), a suspensão do abono de Natal para os funcionários públicos e a redução do valor do seguro desemprego.
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A manifestação principal ocorreu sem violência e em um ambiente festivo, mas ao final pequenos grupos se dirigiram ao Congresso e agentes da tropa de choque agiram para dispersá-los na zona da emblemática Puerta del Sol.
Segundo o comando da Polícia de Madri, sete pessoas foram detidas e outras seis ficaram feridas durante os incidentes.
“Por um futuro digno para nosso povo”, “Quero meu Natal” – diziam os cartazes dos manifestantes, incluindo muitos policiais, bombeiros, agentes administrativos, aposentados e estudantes.
“Mãos ao alto! Isto é um assalto!” – gritavam os manifestantes contra o novo pacote de austeridade do governo, que pretende poupar até 65 bilhões de euros até o final de 2014.
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“Não podemos fazer outra coisa que sair às ruas. Já perdi entre 10% e 15% do meu salário nos últimos quatro anos”, disse Sara Alvera, 51 anos, funcionária do Tribunal de Contas.
“Que Natal fantástico vamos passar este ano sem qualquer tipo de abono”, lamentou Paloma Martínez, funcionária do ministério do Interior, de 47 anos, cética sobre a eficácia do novo pacote econômico.
“Elevam os impostos, tudo está mais caro, e se não podemos comprar, as lojas vão fechar, vão demitir mais gente”, concluiu Paloma Martínez.
O orçamento do Estado espanhol para 2012, que já era de uma austeridade histórica visando poupar 27,3 bilhões de euros, não foi suficiente e Madri terá que se submeter a novas exigências de Bruxelas em troca de um prazo mais amplo para reconduzir seu déficit público a 3% do PIB e de uma ajuda aos bancos espanhóis, de até 100 bilhões de euros.
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“É uma situação injusta porque o governo, no lugar de fazer o setor financeiro pagar pelo que produziu, coloca todo o peso nos desempregados, nos doentes, nos aposentados”, disse à AFP o ator Javier Bardem.
“Fazem exatamente o contrário do que diziam em seu programa eleitoral”, afirmou José Ignacio Gil, 50 anos, administrador de uma empresa privada, em meio à multidão que formou uma massa única da Plaza Neptuno até a Puerta del Sol, cobrindo cerca de 1,5 km.
Segundo o chefe de governo espanhol, Mariano Rajoy, a situação é tão grave que o executivo não pode mais decidir entre o bem e o mal, tem que optar entre o ruim e o pior”.
O ministro da Fazenda, Cristóbal Montoro, advertiu nesta quinta-feira que “não há dinheiro nos cofres públicos para pagar os serviços”.
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As manifestações desta quinta, convocadas pelas centrais sindicais UGT e CCOO em 80 cidades, se seguem aos protestos espontâneos surgidos nas redes sociais desde que se conheceram as novas medidas de austeridade do governo, principalmente envolvendo o funcionalismo público.
Bombeiros com seus capacetes, funcionários da justiça vestidos de amarelo, professores com camisetas verdes e policiais identificados ocuparam as ruas na última semana para protestar.