Dezenas de milhares de civis fugiram nesta quinta-feira de suas casas no norte da Síria, região submetida a uma ofensiva do Exército sírio contra os rebeldes com o apoio aéreo maciço da Rússia.
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Enquanto isso, em Londres, a comunidade internacional prometia 10 bilhões de dólares em ajuda ao país.
Aleppo é um dos últimos redutos da rebelião contra o governo de Bashar al-Assad, que está retomando com força a iniciativa na sangrenta guerra civil na Síria.
Este aumento da pressão militar provocou a suspensão dos diálogos de paz que apenas acabavam de começar na semana passada em Genebra, sob os auspícios da ONU.
Entre “60 e 70 mil pessoas” devem buscar refúgio em breve na Turquia para escapar da ofensiva do Exército de Al-Assad, advertiu o premiê turco, Ahmet Davutoglu, cujo governo se opõe ao poder em Damasco.
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Ele falou em uma conferência de doadores organizada em Londres, na qual se arrecadou mais de 10 bilhões de dólares para ajudar as populações afetadas pelo conflito, de acordo com o primeiro-ministro britânico, David Cameron.
A conferência de Londres também serviu para novas trocas de acusações diplomáticas.
Os Estados Unidos voltaram a exigir que Moscou suspenda os bombardeios que, segundo Washington, visam aos rebeldes, e não aos integrantes do grupo Estado Islâmico (EI).
A Rússia não hesitou, por sua vez, em proclamar sua potência militar. Pelo menos 875 “alvos terroristas” foram bombardeados “nos últimos três dias”, em particular na região de Aleppo, relatou o Ministério russo da Defesa.
‘O começo do fim’
Segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), com sede na Grã-Bretanha, 21 civis, vários deles crianças, morreram nesta quinta-feira em um bombardeio russo sobre bairros rebeldes de Aleppo.
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Aleppo, que antes da guerra era a capital econômica síria, é um ponto-chave no norte do país para a conexão com a Turquia.
Os rebeldes estão em uma situação extremamente difícil, porque as tropas do governo cortaram a principal rota de abastecimento na zona rumo à Turquia.
Se o Exército conseguir avançar para a cidade de Aleppo, isso pode significar “o começo do fim” para os rebeldes – pelo menos no sentido de receber uma ajuda urgente dos países do Golfo e da Turquia, analisou o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman.
Lançada na segunda-feira pelo Exército, a ofensiva obrigou 40.000 civis da região a deixarem suas casas, informou o OSDH. Milhares de pessoas perambulam sem local para se abrigar na ampla zona do norte da Síria, fronteiriça com a Turquia.
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Davutoglu manifestou sua preocupação com o número de refugiados que se dirigem à Turquia e acusou “os cúmplices de Bashar al-Assad” de serem “culpados dos mesmos crimes de guerra” que o governo sírio, em alusão a Moscou.
A Rússia respondeu que tem motivos para acreditar em que a Turquia prepara uma intervenção militar depois de ter-lhe negado a permissão para um voo de reconhecimento.
‘Fechar a fronteira’
Em Damasco, uma fonte de alto escalão disse à AFP que o governo quer ir mais longe.
“Os próximos objetivos são fechar a fronteira com a Turquia para impedir a chegada das tropa e de armas (para os rebeldes). Depois, será a vez da província de Aleppo e a de Idleb (noroeste)”, capturada em 2015 pelos rebeldes, disse a fonte consultada pela AFP.
Para Maamun al-Khatib, ativista do norte de Aleppo, “a situação na região de Aleppo é catastrófica para os civis, principalmente nas localidades de Tell Refaat, Azaz e Marea, sitiadas por três lugares. Resta-lhes apenas uma rota para ir à Turquia”.
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“Trezentas mil pessoas que vivem nestas regiões estão sob ameaça da Aviação russa, que realiza bombardeios intensos” há vários dias, acrescentou em uma comunicação pela Internet.
O Conselho de Segurança da ONU manterá nesta sexta-feira consultas com o mediador da ONU na Síria, Staffan de Mistura. O encarregado da ONU deverá explicar o motivo pelo qual decretou uma “pausa” nas negociações até 25 de fevereiro.
Hoje, a Arábia Saudita disse estar pronta para se unir com tropas no terreno à coalizão contra o grupo Estado Islâmico, se a aliança liderada pelos Estados Unidos decidir adotar esta estratégia.
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