Milhares de pessoas em todo mundo assinaram uma petição para que seja retirado o Prêmio Nobel da Paz da líder birmanesa Aung San Suu Kyi, muito criticada por sua gestão da crise da minoria muçulama rohinyá.

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A petição online “Retirem o Prêmio Nobel da paz de Aung San Suu Kyi” recolheu 364.000 assinaturas até esta quinta-feira.

“Até agora, Aung San Suu Kyi, que dirige de fato Mianmar, não fez nada para deter este crime contra a humanidade em seu país”, afirma o texto da petição, promovida por um indonésio.

Segundo a ONU, cerca de 164.000 pessoas, em sua maioria rohinyá, fugiu da violência nas últimas duas semanas para se refugiar na vizinha Bangladesh.

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Suu Kyi, muito criticada no exterior por seu silêncio sobre o destino desta minoria, denunciou na quarta-feira um “grande iceberg de desinformação” que, segundo ela, dá uma visão equivocada da crise dos muçulmanos rohingyas, situação que deixa a ONU em alerta.

Este foi o primeiro comentário oficial da vencedora do Nobel da Paz desde o início da crise, no fim de agosto. Suu Kyi tem sido muito criticada no exterior por seu silêncio sobre o destino da minoria rohingyá. Milhares de pessoas fugiram para o vizinho Bangladesh.

A compaixão internacional em relação aos muçulmanos rohingyás é resultado de um “enorme iceberg de desinformação criado para gerar problemas entre as diferentes comunidades e promover os interesses dos terroristas”, afirmou Suu Kyi durante uma conversa por telefone com o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, segundo uma transcrição divulgada por sua assessoria de comunicação.

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A violência explodiu em 25 de agosto, quando os rebeldes do Exército de Salvação Rohingya de Arakan (ARSA, na sigla em inglês), que afirmam defender a minoria muçulmana, atacaram dezenas de delegacias de polícia.

O Exército birmanês reagiu com uma grande operação em Rakhine, uma área pobre e remota do país, o que obrigou a fuga de dezenas de milhares de pessoas.

De acordo com o Exército de Mianmar, o balanço é de 400 mortos, quase todos muçulmanos.

Até o ano passado os rohingyás não haviam recorrido à luta armada, uma situação que mudou em outubro com os primeiros ataques do ARSA.

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Segundo as organizações humanitárias, 125.000 refugiados entraram em Bangladesh desde 25 de agosto, e milhares de pessoas estariam a caminho do país vizinho, algumas delas bloqueadas na fronteira.

Em Oslo, o comitê Nobel assinalou que seus estatutos tornam impossível a retirada de um prêmio.

“Nem o testamento de Alfred Nobel nem os estatutos da Fundação Nobel contemplam a possibilidade de que um Prêmio Nobel seja retirado”, afirmou o secretário do comitê, Olav Njølstad.

* AFP