Mais de dois bilhões de usuários se conectam mensalmente ao YouTube. A plataforma de vídeos criada para ser uma televisão na internet se tornou para muitas pessoas uma ferramenta de trabalho ou uma diversão “profissional”, onde canais atingem receitas anuais de mais de seis dígitos. Desde o lançamento, em 2005, o site revolucionou o jeito de consumir vídeos na internet e o público infantil tem boa participação nesse crescimento e evolução.
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A youtuber Milena Stepanienco, que mora em Balneário Camboriú, nasceu um ano após o surgimento da plataforma e aos quatro anos de idade já tinha o canal: o Milena Stepanienco Oficial, que foi criado pelos pais para armazenar os vídeos com as peripécias de uma criança da idade dela.
Mileninha, como é conhecida nas redes, viu os vídeos tomarem proporções maiores inicialmente na cidade natal, Santa Cruz do Sul (RS), depois na região e tão logo já tinha um público espalhado por todo o país. Aos 14 anos, a adolescente atingiu neste mês a marca de dois bilhões de visualizações e a soma de seguidores nos canais dela ultrapassa 10 milhões.
Segundo dados divulgados pelo YouTube, mais de 70% do tempo de exibição dos vídeos de toda a plataforma vem de dispositivos móveis, que em uma velocidade assustadora, passaram a estar presentes no dia a dia das crianças. Com a pandemia, a proximidade dos pequenos com as telas foi reforçada. Seja para manter o contato das crianças com outros familiares, através de vídeo chamadas, ou ainda como forma de entretenimento.
É no nicho de entretenimento que a jovem Mileninha ganhou espaço. Atualmente ela está à frente de três canais, um focado em conteúdo para crianças, um para o público adolescente que acompanhou o crescimento dela e o mais recente voltado para os gamers. Na retaguarda da produção de conteúdo está a mãe Maria Helena Stepanieneco, 44 anos, e o pai Héctor Luis das Chagas, 55 anos.
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Maria Helena é quem administra a carreira da filha e o pai, bombeiro aposentado, é quem editada os vídeos para os canais. Por vezes, são também personagens dos vídeos que são elaborados em conjunto pela família. Tirando os números expressivos atingidos pelas redes sociais e o poder de comunicação, Milena é uma jovem como todas as outras: sonha em ter muitos filhos, ser veterinária, cantora e fazer astronomia.
Nesta edição, em homenagem ao Dia das Crianças, celebrado neste dia 12, batemos um papo com a youtuber que é “companhia” para uma galerinha que consome os vídeos e inspiração para outras várias que sonham também figurar entre os canais mais visualizados da plataforma. Confira a seguir:
Quando e como começou o canal no YouTube?
Tudo começou como uma brincadeira. Quando entrei – brincamos que somos o dinossauro do YouTube – não era essa coisa que é hoje, antigamente era só uma plataforma para ter vídeos publicamente. Meus pais começaram a publicar, mais para salvar os vídeos, vamos dizer assim. Daí fomos descobrindo que aquilo começou a virar uma rede social, que as pessoas se comunicavam. Nesse momento, alguns youtubers já começavam a fazer vídeos. Foi aí que meus pais pensaram: “Por que não colocar a Milena?”. Mas sempre, desde pequena, meus pais faziam assim: “a Milena tá brincando de tal coisa? Vamos gravar”. Gravávamos, mas não era nada de compromisso, era mais para registrar o momento.
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Quando você começou existiam poucas referências de canais e youtubers, como você criou a própria identidade na internet?
Na verdade quando tinha uns três anos, não gostava de tirar foto, tem até um vídeo que minha mãe gravou eu falando para desligar a “manica” – eu nem sabia falar máquina (risos) – porque eu me achava feia, mas mais tarde começou a ser uma coisa normal. Era sempre algo espontâneo, meus pais nunca me cobraram. Antes não era um compromisso, hoje também não é. A gente grava quando está com vontade, umas duas ou três vezes por mês e dá certinho.
E você sempre quis ter fama?
Sempre quis, eu dizia que queria ir para o Miss Universo. Antes de ser youtuber eu fui Miss das Américas no Rio Grande do Sul. Sempre adorei câmera e palco. Tanto que hoje em dia gosto muito de cantar, de palco, de gente e muvuca.
Você se preocupa em como influencia os seguidores?
Nós aqui em casa trabalhamos em três, então são três cabeças pensando e tentando fazer uma ideia mirabolante. Tentamos fazer um conteúdo mais educativo, porque lidamos com crianças, então nos preocupamos bastante com isso, em como vou influenciar as crianças.

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Como foi o crescimento e amadurecimento junto com a internet?
Eu me sinto lisonjeada em ter participado da infância de muitas crianças, fico feliz porque é uma geração que me acompanhou e cresceu junto comigo. Mas eu mantive a mesma faixa etária, sempre fiz conteúdo para as criancinhas e agora estamos tentando puxar bastante para esse lado infantil. Quando comecei oficialmente o canal, com seis anos, fazia conteúdo para crianças da minha idade e isso foi acompanhando o meu desenvolvimento, mas neste ano, minha mãe me questionou: “Milena, qual o conteúdo que você vai querer seguir? Porque nós não vamos fazer nada se você não quiser, mas o YouTube está em uma época de mudanças e temos que definir com qual público queremos seguir”. E a minha resposta foi: criança, é óbvio. Eu amo criança. Adoro! Sempre quis ter muitos filhos. Então é o como eu quero continuar, com as crianças.
O trabalho no canal hoje em dia é algo profissional, você tem produtos, como o livro lançado recentemente, como é para uma menina de 14 anos conviver com essa responsabilidade?
Na verdade, para mim não é muito uma profissão é mais um hobby, uma diversão. Tanto que aqui em casa a gente não tem aquela agenda fixa de gravação. Gravamos quando temos vontade, quando está todo mundo de boa. Claro, tem vezes que a gente precisa gravar porque tem que manter o canal, mas tem que ser sempre com diversão para não ficar chato. E adoro gravar.
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Cinco perguntas para Mileninha. Confira o vídeo:
Agora você não está podendo fazer shows, mas como é a interação com o público infantil?
Essa é a parte boa. Acho que a criança é muito pura, quando eles não gostam, são sinceros e falam. E quando gostam demonstram que gostam. Nos shows, por exemplo, pulam, gritam. Os adolescentes da minha faixa etária são mais reservados, mais críticos, têm os haters também. Aliás, os haters existem em todos os lugares. Teve um momento que eu não lidava muito bem com eles, ficava triste e cheguei a chorar algumas vezes. Mas aprendi que temos que saber lidar e existem mais pessoas que gostam do que haters, então temos que focar nesses que gostam e não alimentar os haters.
E para você que cresceu neste mundo digital, se imagina fora dele?
Na verdade, desde pequena sempre quis ser tudo. Até tenho uma música onde falo sobre isso. Quero ser bombeira como meu pai, veterinária, cantora, modelo. Tudo! Sou muito indecisa, inclusive agora vou entrar para o ensino médio e vou precisar escolher uma área para cursar a faculdade, mas ainda tenho muitas dúvidas. Estou em dúvida entre três faculdades: música, que vai para esse meu lado de cantora, astronomia, porque eu adoro a galáxia, as estrelas, química e física e também quero fazer veterinária porque amo os animais, amo de paixão. Estou com um pouco de dúvida, mas quem sabe eu faça os três (risos).
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E a profissão de youtuber, pretende seguir com ela quando for mais velha?
Claro, mas sempre penso assim, sei que é quase impossível, mas vai que um dia a gente fique sem a internet no mundo todo, e aí não tem mais as plataformas que uso, Instagram, YouTube e outras redes sociais, daí vou ter que fazer outra coisa da minha vida. Por isso, acho que vou ter que fazer outra coisa, veterinária ou cantora, né? Cantora não precisa da internet, faz shows. Antigamente os cantores se viravam, não tinha a internet.
Que dica você daria para quem deseja iniciar um canal?
Dedicação é a palavra que define. Tempo para se dedicar. Esforço. Se você tem menos de 18 anos precisa da permissão e apoio dos pais. Abrir canal sozinho é difícil, então abrir canal com outras pessoas é melhor, porque você se diverte mais.
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