Diferente da Liga dos Campeões, a Liga Europa eventualmente apresenta equipes consideradas menores que conseguem feitos a serem lembrados contra gigantes europeus. Foi o que fez o pequeno Bodo/Glimt ao surpreender o Porto com uma vitória por 3 a 2, na terça-feira, no Aspmyra Stadion, estádio com grama sintética e com capacidade para pouco mais de sete mil pessoas. E assim, repetiu o chamado “milagre do ártico”, no extremo norte da Europa. E ainda com um jogador a menos. 

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Mas porque a vitória do clube é tão emblemática e curiosa?

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A equipe foi fundada em 1916 em Bodo – a 12ª maior cidade da Noruega com cerca de 50 mil habitantes –, localizada a 3 mil quilômetros de Porto. A cidade é conhecida pela indústria do bacalhau e por ser um dos melhores locais no mundo para ver auroras boreais. 

O Bodo/Glimt era um clube com quase nenhuma relevância até poucos anos. A realidade da equipe começou a mudar com o técnico Kjetil Knutsen em 2018. O treinador promoveu uma mentalidade ofensiva e levou a equipe à primeira divisão do país. Mais do que isso: conquistou o Campeonato Norueguês três vezes (2020, 2021 e 2023) e, consequentemente, foi eleito o melhor treinador do país por três anos. 

Em 2021, o treinador protagonizou a maior humilhação na carreira do técnico José Mourinho. Foi quando o Bodo aplicou 6 a 1 na Roma no Aspmyra Stadion, pela mesma competição, no primeiro “milagre do ártico”. Com estilo defensivista, o treinador português nunca havia sofrido seis gols em uma mesma partida. 

Segundo o Transfermarkt, a equipe do Bodo/Glimt tem um valor de mercado de 37,25 milhões de euros. Em comparação, somente o goleiro Diogo Costa, capitão do Porto e arqueiro da seleção portuguesa, está cotado nos 45 milhões no mesmo site.

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Fora isso, ainda soma-se o fato de o Porto ser um clube considerado de “Liga dos Campeões” e tratado como um dos favoritos na Liga Europa. A derrota deixa o clube sob desconfiança. 

– Entramos bem, para vencer. Sabíamos que tipo de jogo iam fazer, mas não soubemos pará-los. Não está nada perdido, temos de continuar a trabalhar. Faltou agressividade porque não soubemos parar as transições – disse o goleiro Diogo Costa, em declarações à Sport TV de Portugal. 

Mas como foi o jogo?

O Porto começou melhor, como se esperava, e abriu o placar aos oito minutos, em cabeceio do centroavante espanhol Samu na pequena área. O início promissor, no entanto, desabou de forma progressiva. O centroavante Kasper Hogh deixou tudo igual aos 15, em boa finalização. 

Emprestado pelo Eintracht Frankfurt, o atacante Hauge virou o marcador aos 40 minutos, com um chute colocado da entrada da área. Logo no início do segundo tempo, Maatta acabou expulso por simulação de pênalti, o que deixou o time norueguês com um a menos. 

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Mesmo assim, o Bodo/Glimt ampliou o marcador em um contra-ataque em velocidade. Hauge, o melhor jogador em campo, foi lançado na área, se livrou do zagueiro e venceu o goleiro adversário. O Porto tentou pressionar na base do abafa, mas só conseguiu descontar nos instantes finais, quando o sueco Denis Gul aproveitou uma sobra após cobrança de escanteio. 

O apito final foi comemorado como um título, um feito a ser lembrado por um time menor, em um estádio acanhado, mas que fica pra história. 

*Diego Guichard é correspondente da NSC em Lisboa