O vice-presidente Michel Temer nomeou uma funcionária pública que dá expediente no escritório da vice-presidência, em São Paulo, para gerenciar seus negócios e interesses particulares no mercado imobiliário. A informação foi divulgada no site da revista Veja, na sexta-feira.

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Desde o dia 19 de março, segundo a reportagem, Gilda Cruz Silva e Sanchez, também é diretora e administradora remunerada da Tabapuã Investimentos e Participações, empresa aberta pelo vice-presidente do país após as eleições de 2010, para cuidar do seu mais valioso patrimônio, um complexo de salas no edifício Spazio Faria Lima, localizado em área nobre da Zona Sul da capital paulista.

De acordo com os registros da Junta Comercial do Estado de São Paulo, Gilda recebe um pró-labore pelo trabalho de administração. O documento informa que o valor está “dentro dos limites estabelecidos pela legislação do Imposto de Renda”, mas não revela as cifras, cita o site da Veja.

Como secretária do vice-presidente em São Paulo, Gilda tem salário de R$ 7.372,22 mensais, pagos pelo governo federal. Ela é responsável por agendar audiências e eventos políticos do vice. A jornada de trabalho de Gilda, conforme os dados públicos do governo, é de 40 horas semanais. A lei brasileira exige que o funcionário nomeado tenha dedicação integral ao trabalho.

– Essa proibição da lei vale para os servidores e é ainda mais importante para cargos de DAS (direção de assessoramento superior, como no caso de Gilda), porque são cargos de confiança – afirma o professor Mamede Said, da Faculdade de Direito da Universidade de Brasíila (UnB).

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Questionada pelo site de Veja sobre a dupla função de Gilda Silva Sanchez, a vice-presidência afirmou que sua nomeação para trabalho na empresa foi um “lapso”. A assessoria de Temer disse também que Gilda será destituída do cargo na Tabapuã. “Houve um lapso que está já sendo corrigido com alteração no contrato social”, afirmou em e-mail enviado na última terça-feira.

Ainda segundo a assessoria do vice-presidente, Gilda foi admitida na Tabapuã Investimentos e Participações porque a antiga sócia-gerente, Luciana Temer, assumiu uma secretaria na prefeitura de São Paulo e se afastou do controle. A filha de Temer assumiu a Secretaria Municipal de Assistência Social da capital paulista.