A palavra união teve preferência nos pronunciamentos do vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), durante a agenda partidária que cumpriu em Florianópolis e Curitiba na quinta-feira. No entanto, no principal anúncio do dia, o recado foi outro. O peemedebista garantiu que o partido, atual aliado do governo petista, terá candidato próprio na corrida presidencial de 2018. Temer cumpre agenda em todos os Estados do país com a chamada “Caravana da Unidade”, pela campanha nas eleições internas do PMDB, prevista para ocorrerem em março. Durante a tarde desta quinta-feira, o vice-presidente se encontrou com líderes da legenda no Estado na sede da Assembleia Legislativa (Alesc) e depois com empresários na Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc).
Continua depois da publicidade
Após cumprir agenda do partido em Curitiba, Michel Temer chegou em Florianópolis por volta das 15h40. Com um atraso de cerca de 40 minutos em relação ao cronograma oficial, o encontro a portas fechadas com líderes do PMDB catarinense teve que ser curto na Alesc. Em seguida, o vice-presidente anunciou que o partido vai ter um candidato próprio nas eleições presidenciais de 2018, mas não adiantou nomes. Questionado se isso não significaria uma cisão com a presidente Dilma Rousseff, Temer respondeu:
— O nosso partido tem o direito de se manifestar e propor soluções para o país, como outros partidos como PSDB e PT também fazem. É o que a Caravana da União está fazendo. Estamos pensando nessa unidade em 2018, então eu asseguro que o PMDB terá um candidato próprio à Presidência da República.
Ele foi recebido por lideranças estaduais do PMDB, como o vice-governador Eduardo Pinho Moreira, o senador Dário Berger e o deputado federal Mauro Mariani. Temer está em campanha para reeleição na presidência do partido e teve apoio em Santa Catarina.
Continua depois da publicidade
— A presença dos líderes do PMDB de Santa Catarina aqui hoje é um sinal de que estamos apoiando o vice-presidente – disse Pinho Moreira.
Após os recentes episódios de racha no partido, com parte apoiando a presidente Dilma Rousseff e outra fazendo campanha pelo impeachment, o discurso de união interna foi comentado pelos políticos.
_ A natureza do PMDB é de um partido dividido, mas apoiamos juntos o movimento nacional pela união. Temos que ter um projeto de governabilidade – afirmou o deputado federal Mauro Mariani.
Continua depois da publicidade
Queixas do setor econômico
A lista com 15 pedidos de ações que seriam prioritárias para a recuperação da economia brasileira entregue pela presidência da Fiesc tinha pleitos antigos dos empresários, como mais investimentos em infraestrutura e logística, além de redução da carga tributária. Mas o presidente da entidade, Glauco José Côrte, afirma que um item pode ser essencial para a melhora do país:
— Nenhuma proposta que estamos entregando é nova, apenas precisamos de um ambiente político melhor para fazer as reformas que não fizemos quando o país estava crescendo. O país perdeu 1,5 milhão de empregos no último ano e isso é a face mais cruel da nossa situação econômica. Além disso, nosso Estado gasta 14% com logística, enquanto nossos concorrentes de outros países não chegam a ter 9% com essa despesa.
Acompanhado dos ex-ministros Moreira Franco e Eliseu Padilha, respectivamente presidente e vice-presidente da Fundação Ulysses Guimarães, Temer lembrou do programa “Uma ponte para o futuro” em palestra para a Fiesc, apresentado pelo PMDB junto com a fundação no ano passado. O documento continha medidas para a retomada do crescimento do país.
Continua depois da publicidade
— Para um país crescer, é preciso ter um governo forte, que representa as instituições; a governança, representada pelo apoio político; e a governabilidade, que é o apoio da sociedade. No caso atual, estamos sem esse último apoio, que é representado pela desconfiança da população e dos empresários – diz o vice-presidente.
Ainda na quinta-feira, Michel Temer participou de um evento com integrantes do PMDB catarinense em um hotel da região continental de Florianópolis. No final da noite, o vice-presidente pegou um voo para o Estado da Paraíba, onde cumpre agenda da “Caravana da União” na sexta-feira.