A crise financeira marcou a passagem do técnico Rogério Micale pelo Figueirense e também a saída do profissional do Estádio Orlando Scarpelli, confirmada nesta quarta-feira. O treinador aponta este fator como determinante para não ter conseguido mobilizar o elenco na reta final da Série B do Campeonato Brasileiro. Com 78 dias de trabalho, Micale deixa o Alvinegro sem ter recebido um salário completo.
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– Logo quando eu cheguei que foi pago um valor aos jogadores eu fiz parte deste percentual que dá cerca de 15% do salário. Fui aí porque gosto do Figueirense. Não recebi depois disso. Saí, fizemos um acordo, também não recebi nada até agora. Confio que as coisas vão se normalizar, acho que é uma questão de tempo e espero que não demore muito – afirma Rogério Micale, que manteve o tom de gratidão em relação ao clube em entrevista à CBN Diário.
– Só tenho a agradecer ao Figueirense, principalmente pela história que construí no clube, título da Copa São Paulo. Infelizmente neste meu retorno as coisas não ocorreram da forma que eu desejava. Os resultados não vieram em função de várias circunstâncias, não só dentro das quatro linhas. Não conseguimos mobilizar de uma forma efetiva e brigamos quase para não cair para a Série C. Espero que o Figueirense venha a se reestruturar, se encontrar novamente. É uma grande equipe, uma camisa pesada no cenário nacional. mas precisa de um novo rumo, porque já há dois anos vêm brigando ali embaixo e se as coisas não melhorarem realmente pode acontecer alguma coisa pior – comenta o profissional.
Rogério Micale comandou o Figueirense em 12 jogos, com uma vitória, cinco empates e seis derrotas, um aproveitamento de 22,2%. As palavras do treinador deixam claro o descontentamento com a situação financeira enfrentada no clube. O número de meses em haver junto aos funcionários e jogadores aumentou após a chegada do profissional no mês de setembro, contribuindo para o ambiente de desmotivação.
– Me surpreendeu porque quando eu aceitei a conversa era que tinha duas imagens e uma CLT atrasada e foi colocada em dia quando cheguei. Mas após isso não houve mais nenhuma entrada financeira para pagamento de jogadores e funcionários. Isso no clube acaba pesando. Dia 30 vai chegar a quatro meses e chega um momento que você não consegue mobilizar. Talvez o meu grande erro foi não conseguir a mobilização – analisa Micale, que abordou outro ponto do problema.
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– Uma coisa é estar devendo e ter a esperança de receber tal dia porque sabe que vai entrar, tem direito de transmissão ou alguma outra fonte de verba. Mas esta situação de estar esperando algo que demora quase um ano gera nos funcionários uma insegurança muito grande e nas pessoas que estão envolvidas um cenário de desconfiança. De coração, espero que se resolva. As informações no meio do futebol correm, todo mundo se fala, e se torna muito difícil montar um time competitivo com essas informações no mercado – completa o ex-treinador alvinegro.
Ouça a entrevista com Rogério Micale na íntegra: