O governo birmanês anunciou nesta segunda-feira a abertura de uma investigação após a divulgação de um vídeo no qual policiais apareciam espancando membros da minoria rohingya, reconhecendo pela primeira vez os possíveis excessos no noroeste do país.

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Nas últimas semanas, 50.000 muçulmanos rohingyas fugiram de uma operação do exército birmanês lançado em resposta ao ataque de postos fronteiriços desta região por grupos de homens armados.

Ao chegar a Bangladesh, estes refugiados descreveram terríveis atrocidades cometidas contra eles pelo exército, de estupros coletivos a torturas e assassinatos.

Até agora, o governo havia negado estas alegações considerando que a situação estava “sob controle” e pedindo à comunidade internacional que parasse de alimentar “o fogo do ressentimento”.

Pela primeira vez desde as primeiras denúncias, em outubro passado, o governo mudou seu discurso e se comprometeu a tomar medidas “contra a polícia que teria espancado aldeões em operações de desminagem no dia 5 de novembro na aldeia de Kotankauk”, segundo um comunicado do executivo divulgado pelos meios de comunicação oficiais.

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As imagens de vídeo mostram agentes pegando um jovem detido junto a dezenas de outras pessoas, sentadas no chão, com as mãos na cabeça.

Em seguida, três oficiais aparecem espancando com um pau um dos homens no chão e dando tapas em seu rosto.

Dezenas de vídeos foram divulgados desde outubro nas redes sociais, mas o acesso à região é proibido aos meios de comunicação, especialmente internacionais, e às ONGs, razão pela qual as informações são dificilmente verificadas.

Na semana passada, mais de uma dezena de premiados com o Nobel da Paz escreveram ao Conselho de Segurança das Nações Unidas para pedir uma intervenção e evitar esta “tragédia humana, limpeza étnica e crimes contra a humanidade”.

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O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Zeid Ra’ad Al Hussein, classificou em dezembro a reação do governo birmanês de “contraproducente e insensível”.

* AFP