O México espera obter na sexta-feira no Conselho Permanente da Organização de Estados Americanos (OEA) uma resolução de condenação à política americana de separação de famílias imigrantes, disse nesta terça (26) o chanceler Luis Videgaray.

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Segundo o chefe da diplomacia mexicana, “será preciso apresentar um projeto de resolução de condenação”, já que considera que a política de separação de famílias imigrantes é “cruel, desumana e, além do mais, injustificada”.

O projeto de resolução visa, ainda, dar um mandato à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) para “fazer visitas in situ e, caso considere, adotar as medidas correspondentes no âmbito de suas faculdades”, disse.

Os estatutos da CIDH não consideram especificamente a possibilidade de um Estado pedir medidas cautelares a outro, embora defensores públicos de vários países centro-americanos já tenham dado este passo junto à Comissão.

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Para acertar os detalhes da iniciativa junto ao Conselho Permanente da OEA, Videgaray e um grupo de legisladores mexicanos se reuniram nesta terça-feira com o secretário-geral da entidade, o uruguaio Luis Almagro.

Segundo Videgaray, a OEA planeja realizar uma sessão ordinária de seu Conselho Permanente na sexta-feira, e a ideia é conseguir a inclusão na pauta de um parágrafo para discutir esse projeto de resolução.

“O tema de fundo é a criminalização da migração, algo que acreditamos ser absolutamente inaceitável”, disse.

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Mas ainda que as crianças não sejam separadas de suas famílias por força da política de “tolerância zero”, sua retenção constitui “a criminalização da infância e isto é violatório dos mais elementais princípios dos direitos humanos”.

O presidente do Senado mexicano, Ernesto Cordero, destacou por sua vez que a política de separação das famílias é inominável.

“O México não pode ajudar nisto de forma alguma. É inadmissível que isto ocorra, ainda que os meninos e meninas não sejam mexicanos”, comentou.

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Por isso, lembrou que o Congresso já pediu ao governo que suspenda toda colaboração com o governo americano nos temas de segurança, combate ao terrorismo, crime organizado e migração, “enquanto não houver uma relação de respeito de parte do presidente (Donald) Trump com os mexicanos”.

Na capital americana, Videgaray e a delegação de legisladores tem na agenda reuniões no Congresso, na Casa Branca e também com a direção do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Nesta terça-feira, o diretor do Departamento americano de Alfândega e Proteção Fronteiriça assegurou à imprensa local que havia sido suspenso o processamento e separação de famílias que entrem ilegalmente no país.

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No entanto, a porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, insistiu em que a política de “tolerância zero” continua sendo aplicada sem alteração.

* AFP