Relator do processo contra Eduardo Cunha (PMDB-RJ) no Conselho de Ética, o deputado Marcos Rogério (DEM-RO) afirmou, nesta terça-feira, que gostaria de que as acusações contra o presidente afastado da Câmara não “fossem verdade”. Em entrevista à Rádio Estadão, sem adiantar o conteúdo do parecer que apresentará nesta manhã, possivelmente a favor da cassação do peemedebista, Rogério chegou a elogiar Cunha como presidente da Casa, mas afirmou que o acusado tem “um passado comprometedor”.

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O parlamentar, que não quis antecipar a sua posição para não “eternizar” o processo, voltou a afirmar que segue a decisão do presidente interino da Casa, Waldir Maranhão (PP-MA), que limitou o seu escopo à acusação de que Cunha teria mentido à CPI da Petrobras no ano passado sobre a existência de contas no Exterior. Com isso, ficam de fora questões como o suposto pagamento de propina ao peemedebista no âmbito da Lava-Jato.

— Para evitar que o processo se arraste, acabei adaptando. Mas estou levando em consideração um conjunto de provas. Farei menção ponto a ponto sobre o que ouvimos no processo (…). Meu voto não terá pegadinha — disse.

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O relator também assumiu que sofreu muita pressão de aliados e oposicionistas a Cunha nos últimos dias.

— Estamos numa casa política, você é abordado o tempo todo. Isso é normal. O que não considero natural são manobras para trancar o processo — falou Rogério, mais uma vez sinalizando uma posição contra Cunha.

Dois lados

Rogério também afirmou que o presidente afastado da Câmara tem “duas faces”.

— De um lado, é um personagem político de sucesso, que cresceu, é forte e respeitado pelos liderados e por outros. Colocou ordem na Casa, organizou muita coisa e fez a Casa produzir muito — destacou Rogério, fazendo comentário favorável ao processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff conduzido por Cunha.

— Por outro lado, é um político com passado comprometedor. Ele não vai ser julgado por papel como presidente na Casa. Ele teria ampla margem de aprovação. Mas sobre o que cometeu como cidadão, que usava poder políticos para atos incompatíveis com o decoro parlamentar. Gostaria que não fossem verdade, uma ilação. Esse tipo de conduta depõe contra o parlamento — comentou.

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O democrata confirmou que entrega o relatório às 11h ao presidente do Conselho, deputado José Carlos Araújo (PR-BA). Em seguida, será marcada a leitura do parecer e, depois, a votação no colegiado.

Confiança

Em entrevista à Rádio CBN nesta terça-feira, Cunha voltou a se defender das acusações de quebra de decoro parlamentar. Ele reiterou que não é titular de conta que não esteja declarada no Imposto de Renda e que não mentiu à CPI da Petrobras.

— O dinheiro, não o patrimônio, antes de ser transferido, me pertenceu. No momento em que foi doado ao truste, o truste passou a ser o proprietário do patrimônio. E mesmo se eu tivesse, a pergunta é se eu tinha conta. E conta eu não detinha — disse.

Indagado se está preparado para o processo que poderá resultar na cassação de seu mandato, Cunha disse que pretende ser absolvido e que está confiante por não ter culpa nos fatos citados.

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