Meu pai, meu herói

João Baptista Pereira

Arquiteto, morador de Florianópolis

Na primeira foto, aparecemos eu, João Baptista, meu pai, Milton Pereira, e meu irmão, Alex Pereira, na entrada da Fainco. Quem lembra da Fainco? Nossa Feira de Indústria e Comércio que acontecia na Assembleia ainda quando estava sendo construída. E o robô que foi preso? Ele andava pelos corredores, similar ao da antiga série Perdidos no Espaço, e o delegado da cidade deu um flagrante quando pegou o coitado que estava dentro do robô saindo para comer um sanduíche de mortadela. Anos dourados e ingênuos. Todos acreditavam que era um robô de verdade.

Na segunda foto, meu pai estava com a empresa Milton Acrílicos, expondo em estande na feira, e fez uma apresentação com aerografia pintando uma imagem em 30 segundos sem encostar a mão ou o pincel no quadro.

O cara era fogo. Fez vários desenhos e imagens. E quando me dei conta, tinha centenas de pessoas abismadas com sua técnica. Eram os doces anos 60.

Na terceira foto, meu pai pintando Florianópolis. Milton Ascendino Pereira, apelido -Miltinho, Milton Acrílicos.

Não, ele ainda está vivo! Lutando com alguma dificuldade, mas preparado para seguir na grande viagem, quando for sua hora.

Homem de muitas habilidades – escultor, pintor, desenhista, cantor, lutador de artes marciais, jogador de futebol, basquete, vôlei, campeão de tênis de mesa, tênis de campo, em um corpinho de 1,55 metro de altura. Mas a maior habilidade é o seu coração gigante, que o faz viver até os 80 anos e não ter nenhum desafeto ou rancor.

Ajudou centenas de pessoas, me fez ser o que sou. Vi várias vezes puxar seu último dinheiro e dar aos outros, pois não concebia ver um olhar sofrido. Brincalhão, divertido, grande papo, contagiante e disposto a ajudar. Um manezinho como poucos. Fina flor de uma Florianópolis provinciana mas com personagens magníficos. Sua maior paixão? Além da família e dos amigos, pintar Florianópolis por inteira, eternizada em centenas de belíssimos quadros espalhados por todo o mundo.