O Diário Catarinense entrevistou quatro candidatos à prefeitura de Criciúma. Confira abaixo a entrevista com o ex-prefeito Clésio Salvaro (PSDB):

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O senhor tem segurança jurídica de fazer uma campanha e, se eleito, um mandato com estabilidade?

Clésio – Quem está provocando a instabilidade política é ele (Márcio Búrigo). Porque toda a documentação necessária para o registro de candidatura nós apresentamos. Acontece que ele sabe que nas urnas é muito difícil, então procura vencer nos tribunais. Estou absolutamente seguro, está nas mãos dos meus advogados. Se tivesse algo que apontasse a minha não habilitação para concorrer ao cargo de prefeito, certamento o próprio Ministério Público teria representado contra mim, o que não fez.

Você e o atual prefeito já estiveram juntos. Por que hoje estão em lados tão opostos?

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Clésio – Ele foi meu vice-prefeito, me ajudou de fato a governar a cidade. Foi um tempo em que a cidade cresceu muito. Ele foi meu candidato a prefeito em 2013 na eleição suplementar. E quando deixou de defender o governo do qual ele fez parte, aí houve o rompimento. Exatamente por isto e nada mais além disso.

A equipe do prefeito se queixou de imagens utilizadas em seu horário eleitoral, obras exibidas…

Clésio – Foi um erro da nossa equipe de produção, mas como candidato assumo esta responsabilidade. Tanto é que, em nota, nós comunicamos o equívoco. Não preciso nunca me apropriar de obras de outros, até porque o governo de 2009 a 2012 foi marcado por obras. Teve 92% de bom e ótimo. E 5% apenas de regular. Fizemos 12 novos postos de saúde, reformamos 25 e deixamos outros sete em andamento. Aconteceu que a equipe de produção foi filmar algumas unidades de saúde e filmou exatamente aquela que ele construiu. Não tenho compromisso com o erro. Houve um equívoco, pedi desculpa. Pronto, acabou.

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Se sente prejudicado por não pode usar apenas o sobrenome Salvaro nas urnas?

Clésio – O eleitor de Criciúma é diferenciado, singular. Aquele que aposta na ignorância da nossa gente está dando o primeiro passo para a derrota. Clésio Salvaro ou só Salvaro, não faz diferença. O eleitor sabe em quem vai votar. Seria o mesmo imaginar que ele fosse no supermercado, comprasse uma Pepsi Cola e levasse para casa uma Baré Cola. Não. Ele compra uma Pepsi Cola e vai querer levar para casa uma Pepsi Cola. Tenho um parente (Cleiton Salvaro), que é deputado, meu primo, a mãe dele é irmã do meu pai. Acho que a Justiça tomou a decisão mais correta com o propósito de não confundir o eleitor.

O senhor defende a Guarda Municipal armada?

Clésio – Criamos a Guarda Municipal no tempo em que fui prefeito. Ela tem um propósito de guardar, servir e proteger o cidadão. Não é para fazer o papel da Polícia Militar. Ela não foi preparada, não estão preparados para andar armados. Precisam passar por academia, por onde passam os policiais militares. A segurança pública é um dever do Estado, mas não quer dizer que não seja uma obrigação do prefeito ir no governo do Estado lutar por maior efetivo.

Efetivo policial é um pleito de todas as cidades. Como fazer valer o apelo de Criciúma?

Clésio – Usar as entidades organizadas que nós temos. Usar a representação política que temos, vereadores e deputados. Nesse caso, o atual mandato tem um vice-governador que tem força junto ao governo do Estado. Tu não pode onerar os cofres, a tesouraria do município para assumir atribuições que não são de sua competência. Se você tirar dinheiro para fazer segurança púbica, vai faltar recursos para saúde básica, para colocar as crianças na escola.

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O senhor lançaria nova licitação para o transporte coletivo?

Clésio – Quando fui prefeito, fizemos um amplo estudo e achamos que, naquele momento, era muito mais conveniente fazer a prorrogação daquele contrato. Houve uma ação proposta pelo Ministério Público e que o STJ disse que aquele contrato não está legal. Se eu voltar a ser o prefeito e esta for a determinação da Justiça, nós vamos fazer sim o edital.

Se eleito, o senhor manterá o contrato da Casan?

Clésio – Se o município está sendo lesado, não há motivo para não fazer uma revisão contratual. A forma que temos de buscar uma tarifa mais justa é a criação da Agência Reguladora de Serviços Públicos. Hoje há uma agência reguladora que determina uma tarifa universal para Santa Catarina. A tarifa aplicada em Criciúma é a mesma aplicada em Concórdia, Chapecó. Mas nem sempre o custo para colocar água na torneira do cidadão é o mesmo. A água aqui é muito barata. A agência reguladora é que vai determinar o custo operacional do sistema e fiscalizar os serviços. Acredito que, com a agência, vamos reduzir em torno de 40 a 45% o valor da tarifa de água, o que vai representar também uma redução na tarifa do esgoto.

Pretende cortar cargos comissionados, secretarias?

Clésio – Meu governo será totalmente diferente desse que está aí. Entre 2009 a 2012, não ultrapassamos a casa dos 38% do total da arrecadação gasto com pessoal. O papel do prefeito é gastar menos com a máquina pública para investir mais nas pessoas. É isso o que vamos fazer. Reduzir os salários dos secretários, reduzir o número de secretarias, o número de cargos comissionados e estabelecer a meritocracia.

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Aposta na regionalização do Hospital Santa Catarina?

Clésio – É um hospital público, regional, mantido com recursos do município. O que não é justo. O governo do Estado repassa em torno de R$ 3 milhões por ano. E o custo para tocar o hospital é em torno de R$ 18 milhões. Portanto está sangrando R$ 15 milhões por ano da tesouraria da prefeitura. Enquanto no Norte do Estado há o Hospital Materno Infantil que o Estado repassa quase R$ 60 milhões por ano. Até parece que há uma diferença entre os meninos e as meninas do Norte do Estado com os meninos e meninas do Sul. É esse equilíbrio que vamos buscar. Quem tem que assumir essa responsabilidade também é o governo do Estado.

O senhor imagina ter portas abertas com o governador?

Clésio – O que está em Brasília, de recursos, não pertence ao presidente Temer. E o que está em Florianópolis não é propriedade do Raimundo Colombo. O que está lá de orçamento é resultado do trabalho de todos os criciumenses, de todos os catarinenses. Vamos é buscar aquilo que nos pertence. O Raimundo Colombo tem uma particularidade, assim como o vice dele: ambos já foram prefeitos. Ele três vezes prefeito de Lages e o Eduardo uma vez prefeito de Criciúma. Ele sabe aquilo que é de responsabilidade do prefeito, o que o prefeito e o Estado têm de fazer. Não vejo como não ter portas abertas. O Raimundo é, acima de tudo, uma pessoa do bem. E o Eduardo, que é daqui, tem o compromisso de ajudar a cidade.

*Colaborou Lariane Cagnini

Nuvem de palavras do candidato