Relato da auxiliar administrativa espanhola, Rosa Bujalance Martín, 43 anos, que sofreu uma queda enquanto fazia a trilha da Lagoinha do Leste, no Sul da Ilha, em janeiro:

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Gosto muito de caminhar. Meu marido e eu vivemos em trilhas, escaladas, ou montanhismos. Já subimos o Mulhacen, um dos picos mais altos da Espanha, com 3,4 mil metros de altitude. Agora, neste dois meses que estamos em Floripa, fizemos a trilha da Costa da Lagoa, do Gravatá, da Galheta e Naufragados. Então, resolvemos encarar a trilha da Lagoinha do Leste no sábado, dia 25 de janeiro. Estava nublado, uma temperatura perfeita para uma trilha tão longa, por não estar muito quente. Costumamos escolher dias assim para este tipo de programa. Mas depois de uma hora de caminhada, começou a chover muito. Achamos mais prudente abandonar a trilha, voltar e deixar para terminá-la em outro dia. Foi o que fizemos. Estávamos voltando pela ponta do costão quando aconteceu. Eu estava de tênis, mas escorreguei e minha perna esquerda torceu para trás. Tentei levantar, mas não consegui. Era impossível continuar a caminhada. Então, meu marido enrolou meu pé com bandagens e com uma manta térmica e correu para buscar ajuda na Praia do Matadeiro. Pela experiência que tem em trilhas, ele está sempre com os equipamentos de segurança separados. Foi a minha sorte. Fiquei ali sozinha por uns 40 minutos, com um pouco de medo, muito frio e muita dor. O vento era muito forte, tanto que o helicóptero dos bombeiros não conseguiu pousar. Em um voo rasante, a equipe de resgate desceu, me imobilizou e caminharam comigo numa maca até o mar, onde usaram um barco para chegar a outro ponto da praia onde estava o helicóptero. O que aconteceu podia ter acontecido em qualquer lugar, da trilha mais simples até a mais longa. Com chão molhado, qualquer pessoa pode escorregar e se machucar. A mudança brusca no tempo pode fazer com que tudo mude e piore. E o que parece muito fácil pode virar algo muito difícil e complicado. Sofri uma fratura dupla no tornozelo e estou de muletas desde então. Também tive sorte do acidente não ter sido pior. A gente estava num trecho bem inclinado e eu poderia ter caído das rochas direto no mar.

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Como evitar o erro

*Por major Diogo Bahia Losso, do Batalhão de Operações Aéreas do Corpo de Bombeiros Militar

_ Antes de fazer uma trilha, é fundamental ter um planejamento, com horário de saída e retorno

_ Faça as caminhadas preferencialmente durante o dia. À noite é muito mais difícil, mesmo com auxílio de lanternas

_ Fique atento à meteorologia

_ Deixe um amigo ou parente ciente do trajeto e do horário de retorno

_ Procure por trajetos conhecidos e, se for iniciante, por trilhas consideradas mais fáceis

_ Não descarte a participação de um guia experiente, que conheça todo o percurso

_ Evite andar sozinho

_ Cuide com a alimentação e a hidratação. Prefira alimentos leves. Beba bastante líquido, incluindo os repositores energéticos. Faça previsão a mais, de alimentos e bebidas, para imprevistos

_ Utilize roupas leves e calçados com um solado antiderrapante e com um cano médio ou longo, para preservar o tornozelo em casos de torção do pé e evitar acidentes com animais peçonhentos, como picadas de cobras

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_ Cuide com pedras soltas e locais escorregadios, principalmente aclives e declives

_ Procure levar um celular para, em caso de emergência, poder solicitar socorro, embora nem todo local haja sinal disponível

_ Tenha em mãos um kit básico de primeiros socorros, para fazer pequenos curativos e imobilizações provisórias

_ Se perceber que está perdido, faça o caminho inverso e jamais se afaste da trilha

_ Em trilhas próximas a costões, cuide com as ribanceiras e não se aproxime das pedras, que além de serem escorregadias podem ser atingidas por ondas, pegando-o desprevenido e arrastando-o para o mar

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_ Não deixe lixo pela trilha. Leve uma sacola plástica e descarte o lixo ao final do trajeto, em local apropriado. Além de não poluir o meio ambiente, latas e garrafas de vidro podem originar um incêndio florestal

_ Não acenda fogueiras