Era um domingo em que tudo parecia dar certo para o torcedor do Metropolitano. Na entrada do Estádio do Sesi, garotos aproveitavam o coração amolecido e o bolso mais aberto dos pais, merecidamente adulados no dia dedicado a eles, e saíam alegres com uma camisa nova do clube ou um espetinho quentinho para espantar a fome. Mesmo fundado há apenas 16 anos, o Metrô, como uma música da Legião Urbana, já une pais e filhos com torcedores em duas ou mais gerações.
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Na arquibancada, o público de 1,3 mil torcedores pode não ter lotado o estádio, mas conferiu ao confronto entre Metropolitano e Camboriú, pelas semifinais da Série B do Campeonato Catarinense, um clima de jogo decisivo – como realmente era.
Quem já foi ao Sesi certamente se recorda de um dia com arquibancada mais cheia que o normal, mas em que nada parecia dar certo para o Metropolitano. Neste domingo foi diferente. Logo aos dois minutos, um cruzamento de Zé Victor deu origem a uma reclamação de toque de mão do zagueiro do Camboriú. Em seguida, Ari Moura foi acionado em contra-ataque e quase saiu na cara do goleiro Zé Carlos. Tudo isso deu a sensação de que a noite reservava coisas boas para o Verdão. Sensação que só aumentou quando, aos 10 minutos, Palhinha colocou para Bruninho pela esquerda. Ele cruzou para a área e encontrou Ari Moura na segunda trave, que chegou batendo firme para o gol e abrindo o placar para o Metrô: 1 a 0.
O primeiro tempo foi de futebol disputado e bem jogado, embora sem chances muito claras. No duelo entre o futebol moderno, de termos como linhas compactas e transição rápida do técnico Marcelo Mabília, e o futebol raiz de defesa postada, contra-ataque e bolas paradas do técnico Mauro Ovelha, o maior domínio foi do Metropolitano. O time da casa levou perigo com Paulinho e Ari Moura pela direita e Bruninho pela esquerda. Na melhor chance, Jean Dias aproveitou rebote de uma falta e bateu forte da entrada da área, para difícil defesa de Zé Carlos. O Camboriú mantinha sempre de quatro a cinco jogadores na defesa e tentava chegar em contra-ataques pela direita com Mota e Tiago Pará. Nada de muito perigo na primeira etapa.
Contra-ataques e vantagem ampliada no segundo tempo
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O ponta-direita Ari Moura voltava ao time depois de duas partidas. Fora poupado no clássico contra o Blumenau, mas estava suspenso na derrota por 1 a 0 para o Marcílio Dias. Assistiu ao jogo da arquibancada e, no intervalo, quando o Marinheiro já vencia, sorriu amarelo ao ouvir de um torcedor que estava fazendo falta. Pois no retorno à equipe, o artilheiro do Metrô na Série B abriu o placar, deu bico para a lateral e agiu como um líder em campo. Endiabrado, partiu para o drible, e tudo que tentava, acertava.
Caiu de vez nas graças da torcida aos oito minutos do segundo tempo, quando deu assistência para o segundo gol do Metrô. Foi na cobrança de escanteio dele que o defensor do Camboriú subiu sem achar nada e o zagueiro artilheiro Élton aproveitou batendo de perna direita para o fundo do gol.
A partir daí não havia mais dúvidas de que as coisas dariam certo para o Metrô. O time de Mabília passou a sofrer uma natural pressão, mas aproveitou as saídas rápidas de contra-ataque para tentar ampliar o placar. Foi assim que, aos 14, Jean Dias tocou para Ari Moura, sempre ele, que bateu cruzado, mas desta vez acertou a trave. Incrivelmente, mesmo com o 2 a 0 que coloca o time a um passo do paraíso – a vaga na Série A – algumas cornetas ainda soavam das cadeiras pedindo a substituição deste ou daquele jogador.
Mas a bateria da torcida organizada tratou de garantir a festa com o 2 a 0. Resultado que fez a alegria de pais como Rivaldo Gardacho, 37 anos. O morador de Timbó levou a mulher e as duas filhas ao Estádio do Sesi e saiu feliz com a vitória, a atuação convincente e, principalmente, o acesso cada vez mais próximo.
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– Venho sempre com a família, as meninas gostam, mas hoje deu gosto de vir, o time jogou demais – comemorou.
Com a vitória por 2 a 0, o Metropolitano pode até perder por um gol de diferença no jogo de volta, no próximo domingo, em Camboriú, que garante a vaga na final e o acesso à Série A do Campeonato Catarinense de 2019. O Camboriú precisará reverter a vantagem e terá como trunfo o Estádio Roberto Santos Garcia, o seu acanhado estádio e que se transforma em um pequeno caldeirão em jogos decisivos.
A torcida pelo lado blumenauense do confronto é para que no próximo domingo as coisas continuem a dar certo para o Metropolitano e, com isso, a paixão pelo futebol continue sendo passada de pai para filho – mas agora na Série A.
O JOGO
Primeiro tempo
10 minutos
Palhinha aciona Bruninho pela esquerda. Ele cruza e Ari Moura arremata de pé direito na segunda trave, abrindo o placar: 1 a 0.
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40 minutos
Ari Moura cobra falta pela direita e lança na área, a defesa afasta e, na sobra, Jean Dias domina e bate forte para o gol. Zé Carlos cai no canto esquerdo e faz ótima defesa, evitando o segundo do Metropolitano.
Segundo tempo
8 minutos
Ari Moura cobra escanteio pela direita de ataque, o zagueiro do Camboriú não acha nada e Élton bate forte de pé direito para ampliar.
14 minutos
Jean Dias rouba a bola no meio-campo e puxa contra-ataque. Marcado por três jogadores, ele passa para Ari Moura, que acompanhava o lance pela direita. Ari bateu cruzado, mas a bola explodiu na trave esquerda de Zé Carlos.
Ficha Técnica:
Metropolitano
Igor; Paulinho, Elton, Douglas Silva e Rodolfo; Zé Victor, Palhinha (Henrique), Ari Moura, Jean Dias (Nathan) e Bruninho (Eduardo); Willian. Técnico: Marcelo Mabília
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Camboriú
Zé Carlos; Mota, Gabriel Peres, Neguette e Talys (Higor Martins); David, Edílson, Ruan e Paulinho; Tiago Pará (Renan) e Neílson (Léo Galópolis). Técnico: Mauro Ovelha
Gols: Ari Moura, aos 10 minutos do primeiro tempo, e Élton, aos oito da segunda etapa (M)
Arbitragem: Diego da Costa Cidral, auxiliado por Diogo Berndt e Antônio Lourival da Luz
Público: 1.302 pagantes.
Local: Estádio do Sesi, em Blumenau