Um convênio realizado entre a Prefeitura de Joinville e o governo federal, em 2015, previa recursos para a instalação de 658 novos pontos de ônibus na cidade. Quase três anos depois, 343 equipamentos ainda não foram implantados pelas ruas do município – mais da metade do previsto. Segundo portal da transparência da União, 74% dos recursos foram repassados e a vigência do contrato vai até dezembro do ano que vem.
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O município informou, por meio de nota, que o restante dos pontos de ônibus ainda não foi instalado porque o contrato foi rescindido pela empresa que venceu a licitação. O documento ainda afirma que não há prazo para retomada da colocação dos abrigos. Os últimos repasses foram feitos em 25 de outubro deste ano, no valor de R$ 238.619,10.
Confira a situação dos dez terminais de ônibus de Joinville
Espera abaixo de chuva e sol forte
Enquanto os novos equipamentos não são instalados, alguns passageiros apontam problemas na hora de embarcar nos ônibus. Em um dos locais, na esquina das ruas Eugênio Gudin, no bairro Vila Nova, na zona Oeste da cidade, havia um abrigo dos modelos mais antigos – com cobertura de amianto e assento de madeira. Segundo a moradora Carmen Poltronieri, 61 anos, durante uma obra na via, há cerca de três anos, o ponto foi retirado e substituído por uma placa com o desenho de um ônibus.
Segundo a prefeitura há aproximadamente 2 mil pontos de ônibus na cidade – cerca de mil estão sinalizados com a placa. Sem o abrigo, faça chuva ou sol, o que a aposentada mais observa no ponto em frente de casa são guarda-chuvas.
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— É muito ruim para a gente que pega o ônibus aqui. O maior companheiro das pessoas é o guarda-chuva, seja em dias de calor porque o sol é muito forte ou nos dias de chuva já que não tem onde se abrigar. Tinha que colocar aquela "casinha" — defende a aposentada.
Para Carmen, a situação piora porque os horários no ponto são mais espaçosos por causa da demanda. Assim, algumas pessoas acabam ficando muito tempo esperando o ônibus no sol ou sob chuva forte. Ela observa que muitos vizinhos andam de três a quatro quadras para chegar até o ponto e, ao chegar ao local, ainda têm de esperar o transporte embaixo do sol.
Dois modelos eram previstos em editais
Os três editais realizados para compra dos 658 abrigos, em 2015, previam a instalação de dois modelos diferentes. O primeiro deles tem o telhado em forma de "v" na cor amarela e a estrutura metálica na cor verde. Ele não tem nenhuma parte fechada, mas possui espaço para cadeirantes. Este modelo é utilizado em vias de menor fluxo. Já o segundo tipo, mais moderno, tem a cobertura reta a parte de trás fechada, também com local para portadores de deficiência.
Entretanto, por vários bairros da cidade ainda é possível avistar o modelo ainda mais antigo. Na rua Tupi, no Morro do Meio, por exemplo, o padrão usado são os mais antigos, com o teto de amianto e duas pilastras para segurar a estrutura. Muitos estão desgastados, com peças enferrujadas e bancos quebrados.
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Na estrada Anaburgo, também no Vila Nova, seis pessoas esperavam em pé pela chegada do coletivo. Como blocos de concreto foram improvisados como bancos, as pessoas não tiverem coragem de sentar. No local, o tipo de abrigo é do mais antigo em que, inicialmente, o banco era de madeira.
— Aqui neste ponto acontece também a ação de vândalos. Quebraram o banco de madeira aqui e a prefeitura repôs, ai quebraram de novo… Por isso que agora é de concreto, não quebra nem com marreta — brinca o aposentado Valmor Vargas, 73 anos.
Questionada sobre a manutenção das estruturas, a prefeitura informou com dois processos de requisição de compra abertos para aquisição de materiais de manutenção. Os processos estão em andamento. O governo municipal não informou os prazos para a conservação dos locais. Outro ponto apontado pelo aposentado é com relação ao local onde está instalado o abrigo. Como não tem pavimento no chão, quando chove vira um lamaçal e dificulta o embarque nos coletivos.
Problemas também são apontados na zona Norte
Aproximadamente 13 quilômetros distante do ponto na zona Oeste, a pedagoga Terezinha Goulart, 54 anos, desembarcava no ponto da rua Dorothovio do Nascimento, no Jardim Sofia, para ir trabalhar. Depois que o coletivo arrancou para deixar a mulher, uma nuvem de poeira se formou.
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Apesar de a rua ser de calçamento, o espaço onde está instalado o ponto de ônibus é de chão batido. Para ela, como o ponto não tem paredes e não há local para se abrigar, além de juntar a poeira com a água, transformando o chão em lama. Terezinha acredita que poderia ter mais locais na rua destinados para os abrigos.
A jovem Jéssica dos Passos Guimarães, 18 anos, esperava o ônibus na estrada Timbé, no Jardim Paraíso, e corrobora com a opinião da pedagoga.
— Acho que aqui poderia ser como no Centro, onde os pontos de ônibus são fechados na parte de trás. Aqui em dias de chuva não tem onde se abrigar, molha e vira um lamaçal. Sem contar que precisa de mais pontos — conclui.
Conforme a prefeitura, a avaliação para instalação de novos equipamentos leva em conta a demanda, número de linhas e usuários atendidos. Os estudos de demanda são feitos por meio das pesquisas realizadas pelos fiscais do setor, seja em plataforma ou embarcados, além das solicitações que chegam dos próprios munícipes, via Ouvidoria, as quais são verificadas in loco antes de qualquer tomada de decisão.
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