O Ministério da Saúde confirmou na tarde desta terça-feira o que Santa Catarina já sabia: metade das primeiras 28 mortes por Gripe A registradas no Estado estavam diretamente ligadas ao tratamento tardio. Os pacientes, 85% de grupos de risco, receberam o antiviral Tamiflu 48 horas após os sintomas o que interfere na eficácia do medicamento.
Continua depois da publicidade
O relatório completo não foi divulgado à imprensa como se esperava, mas deve estar no site da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive) até o fim desta semana. Os números divulgados já tinham sido anunciados há cerca de um mês, mas eram considerados dados preliminares. Agora, segundo o diretor da Dive, Fábio Gaudenzi, são confirmações de um documento oficial que ajudará nas estratégias de combate ao vírus H1N1 no próximo inverno.
O estudo foi realizado entre 15 de junho a 09 de julho focando as primeiras 28 mortes de Gripe A em Santa Catarina e comparados com 56 casos dos quais os pacientes conseguiram se curar. A conclusão do Ministério da Saúde é que as mortes poderiam ter sido evitadas se a população de risco tivesse tomado a vacina, procurado o médico assim que surgiram os sintomas ( febre alta e tosse persistente) e se o médico seguisse o protocolo, ou seja, receitar Tamiflu.
– Das 28 mortes , 85% se referem às pessoas cobertas pela campanha de vacinação, como idosos e doentes crônicos e apenas uma tinha tomado a vacina. Além dissso, não receberam o Tamiflu dentro do prazo. Com estas confirmações pretendemos diminuir o número de mortes para o próximo inverno – diz Gaudenzi.
Continua depois da publicidade
A coordenadora de doenças transmissíveis do Ministério da Saúde, Márcia Carvalho, anunciou que dentro dos próximos meses todos os médicos da rede pública deverão passar por cursos online para reafirmar a necessidade de receitar Tamiflu ao paciente dentro de 48 horas após os sintomas, mas confirmou que mesmo diante do maior número de casos do país, a campanha de vacinação em Santa Catarina não será alterada.
– Não adianta mudar o período nem os grupos de riscos muito menos realizar vacinação em massa. Não queremos criar uma ideia de que vacina pode erradicar a doença, ela protege 60% e não é a solução de tudo. O que precisamos é melhorar uma série de fatores em todas as áreas da rede pública, principalmente no atendimento – explica.
As conclusões divulgadas pelo Ministério Público revelam também que as principais doenças crônicas verificadas nos casos de morte por gripe A foram cardiopatias, pneumopatias, obesidade e diabetes.
Continua depois da publicidade
– Os gordinhos, por exemplo, podem achar que não estão dentro do grupo de risco, mas estão e devem tomar a vacina. Quem sente febre costuma ficar dias em casa se automedicamento para ver se melhora, quando deveria procurar um médico já no primeiro dia- enfatiza Gaudenzi.