Um dos shoppings mais luxuosos de São Paulo suspendeu as atividades na tarde deste sábado. Com a realização do Rolê contra o Racismo, organizado pela União de Núcleos de Educação Popular para Negras(os) e Classe Trabalhadora (UNEafro Brasil), o JK Iguatemi fechou as portas às 13h45min, quando cerca de uma centena de manifestantes chegou à frente do estabelecimento.

Continua depois da publicidade

Agendado pelo Facebook, o evento, “para denunciar shopping, polícia, Justiça e Estado racista”, como definia um dos convites, contava com pelo menos 4,6 mil participantes confirmados. No sábado, 11 de janeiro, o JK, no Itaim Bibi, obteve uma liminar para impedir os chamados rolezinhos, encontros de jovens programados pelas redes sociais que vêm ganhando notoriedade e suscitando polêmica desde dezembro.

– Os shoppings mandam uma mensagem: é melhor não ter ninguém do que ter preto aqui dentro – gritou um dos líderes do ato ao microfone. – Uma instituição que não fecha no Natal, não fecha no Ano-Novo e fecha quando o povo quer entrar – completou.

Leia mais:

Continua depois da publicidade

Manifestação a favor de “rolezinho” causa fechamento de shopping em São Paulo

Discriminação de “Rolezinho” em São Paulo vira causa de movimentos sociais

“Se fossem jovens de classe média, não seria caso de polícia”, diz antropólogo sobre “rolezinho”

Os seguranças, em número maior do que o habitual, prestaram informações conflitantes aos clientes quando, sem qualquer aviso, as entradas principais foram trancadas. Uns indicavam uma saída lateral, e outros diziam que ninguém estava autorizado a deixar o prédio.

Nas faixas erguidas pelos manifestantes, “Basta de apartheid – fim do genocídio ao povo negro, fim da polícia assassina” e até uma mensagem em inglês: “In the World Cup country, racista malls forbid entrance of black and poor people” (no país da Copa do Mundo, shoppings racistas proíbem a entrada de negros e pobres).

Continua depois da publicidade

Marcos Cesar, 19 anos, saiu de Guarulhos, na região metropolitana, para se unir ao grupo.

– Os manifestantes dos rolezinhos são pessoas como eu. São negros, moram na periferia – justificou o operador de telemarketing.

Advogados convidados pelos organizadores compareceram ao local para prestar assistência jurídica. Um boletim de ocorrência por crime de racismo foi registrado em uma delegacia do bairro.

Em nota, o JK Iguatemi informou que “respeita manifestações democráticas e pacíficas, mas o espaço físico e a operação de um shopping não são planejados para receber qualquer tipo de manifestação”. Parte das lojas continuou funcionando enquanto os participantes do rolê cantavam e tocavam tambores do lado de fora, pedindo para entrar. Perto das 17h, a administração anunciou que o expediente seria encerrado. A reabertura está prevista para este domingo.

Continua depois da publicidade

No Parque do Ibirapuera, também na tarde deste sábado, um rolezinho reuniu cerca de 50 jovens, segundo estimativa da Guarda Municipal. Houve aumento de 40% no efetivo de segurança para prevenir e dispersar possíveis tumultos. Pelo Facebook, mais de 3 mil adolescentes haviam manifestado a intenção de comparecer.