Mesmo com as temperaturas quentes nos últimos dias, pescadores vêm capturando lanços com milhares de tainhas nas praias de Florianópolis. A fartura causa estranhamento entre pescadores, já que a espécie costuma ser atraída pelo frio.
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— A maioria dos pescadores, principalmente os mais antigos, estão impressionados. Nos últimos anos, talvez na última década, não temos visto um mês de maio tão produtivo para a beira de praia — explica o pescador Carlos Bernardo, administrador do perfil @pescadatainha nas redes sociais.
Os lanços vêm pegando mais de mil tainhas nos últimos dias. No sábado (8), um lanço pescou 22 mil tainhas na Prainha da Barra da Lagoa, batendo o recorde da temporada na Capital. Na Lagoinha do Norte, também no sábado, foram capturadas mais de 7 mil peixes. No domingo (9), quantidade semelhante foi pescada nos Ingleses.
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O que explica o fenômeno
Segundo Caio Cesar França Magnotti, doutor em Aquicultura e integrante do Laboratório de Piscicultura Marinha (Lapmar) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), os bons lanços resultam de uma combinação entre maré alta e ventos sentido Norte e Nordeste.
— Aqui na nossa região, em Florianópolis, os peixes vêm do Sul, no sentido da maré e dos ventos. Com temperaturas mais altas, a gente teve predominância dos ventos Norte e Nordeste. Então todos os peixes que estavam em mar aberto, mais longe da costa, acabam sendo empurrados em sentido às praias — explica ele.
O vento no sentido Sul, pelo contrário, acaba causando o afastamento dos peixes da costa. Assim, quem consegue capturá-los é a pesca industrial, que atua em alto mar.
— Quando dá muito vento Sul, muito forte, o peixe passa direto pela praia. Ele passa por fora, lá no mar aberto — ilustra o especialista.
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Pesca anilhada suspensa
Na última terça (4), o Ministério da Pesca e Aquicultura proibiu a pesca artesanal de emalhe anilhado da tainha, depois de apenas 19 dias do início da temporada de pesca. O motivo é porque mesmo nesse curto período, a safra já alcançou a cota coletiva da modalidade.
A restrição é válida para as embarcações com o chamado emalhe anilhado, barcos a motor que realizam a captura no mar, em uma das modalidades de pesca artesanal. Já a pesca de arrasto de praia, feita com barcos sem motor e com redes recolhidas nas orlas, permanece sem cotas e pode continuar.
A safra industrial de tainha, por outro lado, teve início no dia 1º de junho e continua até 31 de julho, ou até atingir as cotas estabelecidas (480 toneladas, no caso da pesca industrial).
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Cotas
- Emalhe anilhado – 586 toneladas
- Cerco/Traineira – 480 toneladas (50 toneladas por embarcação)
Períodos
- Emalhe costeiro superfície até 10 AB – 15 de maio a 15 de outubro
- Emalhe costeiro superfície acima 10 AB – 15 de maio a 31 de julho
- Desembarcada ou não motorizada – 1° de maio a 31 de dezembro
- Emalhe anilhado – 15 de maio a 31 de julho
- Cerco/traineira – 1° de junho a 31 de julho.
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