Titular da Educação no governo Dilma Rousseff, Fernando Haddad sagrou-se um ministro à prova de erros.A sucessão de falhas que ano após ano macula a imagem do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) jamais teve força para balançar Haddad no cargo.

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E o ministro nunca esteve entre os preferidos de Dilma – quando ela montava seu ministério, no final do ano passado, sua ideia era ventilar a Educação com um novo nome. Afinal, Haddad já fora o ministro de Lula. Mas está justamente nisso, na relação entre o ministro e o ex-presidente, a explicação para tamanha blindagem.

Haddad tornou-se o maior afilhado político de Lula em todo o país. A ideia do ex-presidente é fazer dele prefeito de São Paulo em 2012. Portanto, arrancá-lo do ministério devido aos apuros do Enem seria soterrar qualquer chance de candidatura. Dilma sabe disso: a presidente firmou um acordo com Lula enquanto organizava a Esplanada.

O combinado é que Haddad sairá durante a reforma ministerial prevista para dezembro ou janeiro, junto com outros ministros que pretendem concorrer às eleições do próximo ano. O cuidado é para não colar em Haddad a pecha de incompetente – até porque ninguém o vê assim, nem a própria Dilma, cujas restrições se referem mais à forma de atuar do ministro.

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Haddad é celebrado por avanços na Educação como a duplicação das vagas em universidades públicas, a construção de dezenas de campi, além da oferta superior a 500 mil bolsas para jovens de baixa renda. Outra conquista, aplaudida pelo PT, é a abrangência que o próprio Enem adquiriu: embora criado em 1998, substituiu o vestibular em 2009, permitindo que estudantes buscassem vagas em faculdades de todo o país sem gastar com viagens.

– O Enem passou a ter outra dimensão. Há poucos anos, era 1 milhão de pessoas participando, e hoje são quase 6 milhões. O grande desafio do ministério, agora, é o erro zero – avalia o prefeito de Canoas, Jairo Jorge (PT), que foi secretário executivo de Haddad no governo Lula.