Os aeroportos brasileiros serão o “caos completo” na Copa do Mundo de 2014, prevê o presidente do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (SNEA), José Márcio Monsão Mollo. Segundo estudo apresentado por ele em audiência pública da Comissão de Serviços de Infraestrutura do Senado, em 2010, o movimento anual (nos aeroportos) ficou em torno de 154 milhões. A previsão pra 2014 é que o fluxo aeroportuário deve passar de 225 milhões de passageiros.

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– O que vai ocorrer é o caos completo, sem dúvida nenhuma – afirmou Mollo.

Segundo ele, mesmo que todas as obras previstas sejam feitas, a maioria dos aeroportos terá a capacidade esgotada já em 2014. Segundo o SNEA, dos 16 aeroportos dos Estados onde ocorrerão jogos da Copa, 11 estariam com a capacidade esgotada no ano do Mundial, ainda que a previsão de obras da Infraero seja cumprida.

Para o aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, o estudo prevê que o número de passageiros em 2014 (9.822.394) ultrapassará a capacidade total do aeroporto com os investimentos da Infraero (8.000.000). Em 2010, foram transportados 6.676.216 de passageiros.

De acordo com o estudo, o Salgado Filho teve crescimento de 19,1% em 2010 no número de passageiros transportados. O estudo aponta ainda que os aeroportos que mais cresceram foram o Santos Dumont, no RJ, com crescimento de 54,9%, e o de Campinhas (49,3%).

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Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgado há duas semanas apontou que nove dos 13 aeroportos brasileiros não estarão prontos para o Mundial de 2014. O levantamento provocou uma grande repercussão por denunciar as falhas nos preparativos do evento, mas acabou duramente criticado pelo próprio governo. O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, chegou a reduzir o estudo a “recorte de jornais”.

– Assinamos embaixo as conclusões do Ipea. Também não acreditamos que haja tempo para tanto – disse Mollo.

O estudo do Ipea foi defendido por aliados do governo, como a senadora Vanessa Grazziotin (PC do B-AM).

– Estou convencida de que algo está errado, muito errado, no encaminhamento das construções dos aeroportos. Em vez de criticarmos o trabalho feito pelo Ipea, temos de buscar as saídas e as soluções – disse Grazziotin.

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O novo presidente da Infraero, Gustavo do Vale, não compareceu à audiência, mas deve ser chamado para falar na comissão nas próximas semanas.