Responsável por oferecer assistência aos trabalhadores vítimas de acidentes ou acometidos por doenças ocupacionais, o Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest) é um termômetro eficiente da situação no Vale do Itajaí. Sediado em Blumenau, presta assessoria técnica para municípios da região e atende trabalhadores com consultas e acompanhamento. Nos últimos cinco anos há uma queda sensível nos atendimentos, de acordo com o levantamento feito pelo chefe da fiscalização do órgão, Francisco Giuberto de Brito.

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Ele atribui a redução a pelo menos dois fatores. O primeiro é a fiscalização promovida há 12 anos e os processos trabalhistas, que em geral ressaltam a responsabilidade das empresas nas falhas que culminam em acidentes e lesões. O segundo fator acaba sendo um resultado do primeiro: a educação dos empregadores, que de tanto serem fiscalizados passaram a cumprir as regras com mais eficiência.

– Quando se cumpre a legislação diminuem os acidentes, isso ajuda a explicar a curva descendente no número de atendimentos – analisa.

Outro fator que Brito leva em conta é o que ele chama de “subnotificação”, quando um trabalhador se acidenta mas entra em acordo com a empresa e não procura os órgãos responsáveis:

– Não quero acreditar que aconteça, mas não dá para descartar. Como padronizamos o fluxo de atendimento, quando um trabalhador passa por uma unidade de saúde ou recebe um atendimento ele é encaminhado para o Cerest. Então temos praticamente tudo, mas é difícil falar em 100%.

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Cuidado e cumprimento da lei são

as melhores formas de prevenção

Os acidentes são, de modo geral, resultado da união de uma série de fatores que culminam em um acontecimento infeliz. A falta de um equipamento de proteção, a má condição de uso de uma máquina ou a simples certeza de que nada vai acontecer pode ser o estopim de uma tragédia. É considerando tudo isto que o técnólogo em segurança do trabalho Horst Sonntag destaca a importância de seguir à risca cada passo das orientações que a legislação determina.

Um dos fatores que mais causam acidentes, de acordo com o especialista, é a confiança. Por fazer de forma repetida a mesma ação, muitas vezes o trabalhador acaba ficando com a certeza de que está com a situação sob controle, o que pode provocar um certo “conforto” na hora de fazer o trabalho.

– O acidente é mais rápido do que uma atitude “rapidinha”. É esse instante, que pode ser de distração, negligência, imprudência ou qualquer fator, o grande problema na hora do trabalho com níveis mais elevados de risco – explica o especialista.

Outro fator que influencia na segurança é o custo, e Sonntag ressalta que a economia às vezes não vale a pena. Ele explica que há um cálculo na área de Segurança do Trabalho que aponta a seguinte conta: a cada R$ 1 investido em segurança, R$ 4 são economizados em indenização:

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– É claro que o dinheiro é importante porque o empregador não quer ter prejuízo, mas tem hora que precisa ir mais devagar. Tem que investir no conjunto da segurança.