Sabe quando alguém afirma “a minha vida e tudo o que eu aprendi dariam um livro”? É o caso do joinvilense Horst Peterhans, 60 anos. Só que, para ele, isso não ficou só nas palavras: ele passou os últimos quatro anos escrevendo um livro de 361 páginas no qual divide suas experiências.

Continua depois da publicidade

Não é uma autobiografia – e isto se percebe no título do livro, “Resin Transfer Moulding – Processo para médios e Pequenos Volumes de Produção” -, mas também não é apenas um livro técnico.

O que Horst queria era distribuir o conhecimento adquirido ao longo de 37 anos dedicando-se ao trabalho e colaborando para desenvolver a tecnologia da indústria em Joinville.

– Foram quatro anos, mas podiam muito bem ter sido três. Passei um ano inteiro duvidando do meu livro e da relevância dele – afirma.

O livro foi, enfim, lançado na quarta-feira, ao lado da família e de amigos, principalmente aqueles que acompanharam os processos que Horst conta na obra. Enquanto trata de técnicas de produção de plástico reforçado com fibra de vidro, ele conta a própria história e sua trajetória como profissional.

Continua depois da publicidade

Ele tinha 22 anos quando foi contratado pela Carrocerias Nielson (atual Busscar) como assistente de produtos e processos. Até então, tudo o que sabia vinha da experiência como mecânico e do curso técnico em máquinas e motores feito na Escola Técnica Tupy.

Quando saiu, era presidente da Tecnofibras, empresa criada pela Nielson para produzir plástico reforçado. Horst queria ser engenheiro, mas, quando deixou a escola técnica, só podia fazer a faculdade de administração, que era noturna. Assim, podia trabalhar durante o dia e bancar os estudos. Ainda assim, aproveitou todas as oportunidades para aprender enquanto trabalhava.

– Naquela época, os recursos eram muito limitados e tudo dependia do que você fazia para correr atrás para a empresa dar certo. Então eu ia muito à Europa e aos Estados Unidos para ter acesso à tecnologia – conta.

De chefe industrial da Tecnofibras, ele passou a gerente, depois a superintendente e, em 2004, virou presidente da empresa. Nesse período, tornou-se um dos precursores no desenvolvimento e viabilização do processo RTM no Brasil – experiência que conta no livro.

Continua depois da publicidade

– Aprendi tudo vivendo, trabalhando. Por isso, quis escrever o livro para ajudar o pessoal a não errar como eu errei – avalia ele.

A obra será distribuída gratuitamente para escolas técnicas e faculdades. Horst está aposentado desde 2006, mas não quis parar de distribuir conhecimento. Agora, colabora com a filha mais velha, Rosi Ana, atuando como consultor.

– Dediquei muito da minha vida ao trabalho. Naquela época, até sábado e domingo tinha que ir na empresa, e a Rosi Ana vivia indo comigo quando criança. Acho que gostou do cheiro, porque acabou seguindo o mesmo caminho – conta.

A filha caçula, Michelli, também buscou a mesma profissão por alguns anos até abrir um negócio próprio de joias. Já Margareth, a filha do meio, nunca gostou muito – talvez porque, no dia do nascimento, o pai estava às voltas com a inauguração da empresa, que ocorria no mesmo dia.

Continua depois da publicidade

– Me ligaram para ir correndo para a maternidade, que minha mulher já estava lá – lembra ele. Agora, Horst se dedica a um novo projeto: as outras meninas de sua vida, as netas Marcela, Júlia e Mariana.