Os países-membros do Mercosul criaram ontem, em Montevidéu, no Uruguai, uma comissão para acelerar a incorporação da Venezuela ao bloco. A adesão venezuelana depende apenas do aval do Senado paraguaio, que há anos posterga a decisão.
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A declaração final do encontro, assinada pelos presidentes dos quatro países-membros do bloco, ressalta a “importância” de que a adesão da Venezuela se dê “no mais breve prazo”.
A presidenta Dilma Rousseff foi uma das defensoras da proposta. Proposta pelo presidente do Uruguai, José Mujica, a comissão será formada por representantes indicados pelos governos do Mercosul.
Não ficou claro, no entanto, como se dará o funcionamento do grupo já que, pelo Tratado de Assunção, de criação do Mercosul, a adesão de novos países precisa ser aprovada pelos congressos de todos os membros do bloco.
Chávez, que participou da cúpula como presidente de um país associado, disse que a adesão venezuelana “é importante demais” para ser deixada “na mão de cinco pessoas que não [a] querem”. A fala foi uma referência ao Senado paraguaio, dominado pelo Partido Colorado, de oposição, que argumenta que não há garantias de democracia plena na Venezuela, pré-condição para integrar o bloco, segundo o Protocolo de Ushuaia.
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O presidente paraguaio, Fernando Lugo, também fez declarações de apoio à entrada da Venezuela. A comissão, por sua vez, foi duramente criticada pelo ex-presidente uruguaio Luis Alberto Lacalle, que classificou o grupo como uma “sentença de morte” ao Mercosul.
– O tratado [de Assunção] tem seus requerimentos legais e eles (os presidentes) os ignoraram. Eles estão ferindo mortalmente o Mercosul – disse Lacalle, um dos fundadores do bloco, em 1991.
Também foi criado um grupo de trabalho com o objetivo de discutir com o Equador as condições de acesso do país ao Mercosul.