A reação do mercado financeiro brasileiro após a vitória de Lula não foi de grandes variações: apesar da queda das ações de empresas estatais — Petrobras e Banco do Brasil —, a bolsa de valores fechou em alta de 1,31%, e o dólar, em queda, cotado a R$ 5,16 na segunda-feira (31). Economistas acreditam que a eleição deve afetar pouco a economia do país a curto e médio prazo, já que o Brasil tem uma situação financeira positiva em relação ao Exterior. O olhar mais atento do mercado é para o longo prazo, a depender da definição da equipe econômica do governo. 

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— Cada vez menos as eleições interferem no mercado. A área privada tem a sua própria pauta. O que pesa é essa sensação que a gente tem de que presidente da república que entra tem poder para grandes alterações. Isso de fato não é mais uma realidade, como mostram os números — explica o economista e analista de investimentos, Jurandir Sell Macedo. 

Nas eleições de 2002, quando Lula foi eleito presidente, o mercado teve uma reação bastante negativa e o dólar atingiu R$ 4 pela primeira (veja histórico da moeda ao longo dos mandatos), o que não ocorreu desta vez.

— Existia um discurso de ruptura com o sistema econômico, mas com a carta a nação brasileira que o Lula fez, acalmou os mercados — explica Jurandir Sell Macedo.

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Apesar da bolsa ter fechado em alta, ações de empresas estatais tiveram forte queda no pós-eleições — Petrobras caiu 8% e Banco do Brasil caiu 5%. Isso ocorreu porque havia uma expectativa de privatização, com uma gestão mais voltada ao mercado, o que muda agora. Ainda assim, o presidente terá limites para fazer alterações nas empresas estatais.

— Ele vai ter que dialogar com o Congresso, que é oposição formal, para carimbar alguns projetos. Esse Congresso ficou mais forte nos últimos anos, do ponto de vista de orçamentos. Além disso, temos um Banco Central que é autônomo. Esse conjunto de coisas, faz com que a gente tenha um governo que quase obrigatoriamente vai ter que convergir pro Centro. Isso é um cenário que deixa o investidor mais tranquilo — explica o chefe de pesquisa de Investimentos na EQI, Luis Moran.

Como ficará a economia do Brasil?

A expectativa de todos os economistas ouvidos pela reportagem é positiva para a economia brasileira, já que o país tem uma situação financeira melhor que o exterior. 

— A inflação tende a ser decadente daqui pra frente, o que significa que a gente vai ver ano que vem, talvez mais para o meio do ano, juros caindo. Esse é um ambiente que teremos recuperação econômica e resultados vão melhorar. E isso não muda muito com a eleição, e essa é a leitura que o mercado está fazendo também — destacou Luis Moran.

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O principal desafio do governo Lula, segundo os economistas, deve ser a inclusão de algumas promessas de campanha no orçamento, como a manutenção do Auxílio Brasil de R$ 600, com R$ 150 adicionais para crianças menores de seis anos, a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000 e o aumento real do salário mínimo.

Para o gestor de investimentos da MB Asset, Alexandre Amorim, o olhar atento do mercado será para o longo prazo e como Lula irá conduzir algumas questões importantes da economia.

— A gente não deve ter nenhum surto no curto prazo, se o Lula escolher uma boa equipe para tocar a economia. O olhar mais atento do mercado agora é para o longo prazo. Vamos ver se o próximo governo vai continuar tocando algumas reformas que são necessárias, tocando o projeto de desburocratização do estado. Ou se, por outro lado, ele vai cumprir algumas promessas de campanha, que é ter uma mão mais forte do Estado na própria economia, porque isso não é visto com bons olhos pelo mercado — disse Alexandre Amorim.

Outra questão levantada pelos economistas é a importância do apoio internacional que Lula recebeu, num momento em que os Estados Unidos e a União Europeia vem tentando se afastar da dependência que têm da China, abrindo grandes oportunidades pro Brasil. 

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