“No mundo inteiro, a náutica é percebida como uma atividade saudável, socialmente acessível e dirigida principalmente às famílias. No Brasil, existe uma percepção distorcida com relação à elitização da atividade”. A frase é do relatório da Associaçao Brasileira de Construtores de Barcos e descreve perfeitamente a discrepância que existe entre o Brasil e outros países desenvolvidos quando o assunto é náutica.

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O mercado no Brasil está crescendo de forma vertente. A flotilha de embarcações de esporte e recreio acima de 16 pés compreende um conjunto de aproximadamente 70 mil, entre lanchas e veleiros, em todo o país.

No Brasil são fabricadas cerca de cinco mil embarcações por ano, o mercado cresce mais de 10% ao ano e caminha rumo ao tamanho do norte-americano, que fabrica 250 mil embarcações por ano, um mercado 50 vezes maior que o nosso.

A quantidade de embarcações nos Estados Unidos é de 17 milhões (uma para cada 20 pessoas), e rende 500 mil barcos vendidos por ano. No Brasil são 68 mil (um barco para 3000 pessoas) e cinco mil unidades ao ano em vendas.

Outro dado pouco divulgado em relação ao verdadeiro público destes barcos: mais de 40% das embarcações de passeio em Santa Catarina possuem até 19 pés, ou seja, custam até R$ 60 mil. Claro que existem os grandes iates de milhões de dólares, que geralmente vemos na televisão e na posse de celebridades, mas estes representam menos de 3% das lanchas no país.

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Deixamos de ser vistos como um setor somente para o muito rico para sermos vistos como geradores de emprego desde a base da pirâmide, desde empregos diretos e indiretos, movimentando profissionais de diversas áreas da indústria catarinense.

Já se tornaram maçantes as reportagens sobre o iate do Neymar, o catamarã do Roberto Carlos ou o megaiate do Steve Jobs. O que queremos ver agora, na mídia, são as reportagens sobre os finais de semana no Tinguá, onde comparecem centenas de lanchinhas, ou aos restaurantes flutuantes do Caixa D’Aço, os passeios pela Lagoa da Conceição, e a infinidade de opções de lazer saudável que uma lancha oferece.

Há cada vez mais médicos, advogados e médios e pequenos empresários, acima dos 35 anos, donos de barcos, sendo que muitos deles ascenderam da classe C. A economia brasileira, motor da recuperação, é responsável não apenas pela ampliação do setor, como pela “popularização” entre a chamada classe média.