Cinco empresas da região Sul do País estão em processo de venda e têm o assessoramento do escritório representado pela advogada Juliana Martinelli, que atua em direito societário.

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Ela explica que culturas organizacionais distintas entre o comprador e o vendedor podem levar à perda de talentos a partir da transição. Por isso, ter uma boa governança corporativa e forte planejamento estratégico são elementos decisivos para o sucesso.

A profissional afirma que garantias apresentadas pelo vendedor costumam ser fator complicador para o fechamento de negociações deste tipo. O mercado de fusões e aquisições continua em alta neste ano, avalia.

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Advogada formada em 2000 pela Univali, em Itajaí, Juliana é mestre em direito econômico e foi eleita pelo anuário Análise como uma das advogadas mais admiradas do Brasil entre os anos de 2007 a 2010. O foco do seu trabalho é vinculado ao ramo empresarial. Neste campo, o advogado está próximo dos dirigentes e tem acesso às principais decisões corporativas.

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Dificuldade

– É grande a dificuldade de encontrar profissionais qualificados em direito societário. O cliente quer lidar com advogado no qual confia. Na nossa atividade, temos de ser um misto de advogado e conselheiro.

Mercado

– O mercado de negócios relacionados a fusões e aquisições

está crescendo neste ano, apesar da Copa do Mundo e das eleições. Clientes têm buscado assessores com experiência. Embora cada empresa seja diferente, muitos pontos são comuns do ponto de vista negocial.

Garantias

– O fator que mais dificulta o acerto entre possível comprador de uma companhia que se coloca à venda é a questão das garantias dadas pelo vendedor. Claro que cada caso é um caso. Um elemento essencial nessa hora de avaliar o negócio é o pressuposto de boa-fé entre todas as partes. Por isso, as garantias são o ponto crítico dessas negociações.

Fator cultural

– Outro fator importantíssimo a ser levado em conta é o das culturas organizacionais envolvidas numa possível compra e venda. As diferenças culturais podem ter grande influência. Um exemplo é quando o comprador adquire 60% do negócio todo e os 40% restantes serão transferidos em prazo a ser definido. Pode acontecer uma crise do ex-dono, que não é mais dono. Eventualmente, ele pode nem mais permanecer como executivo dessa empresa que está sendo ou foi negociada.

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– O momento de compra e venda é sempre um momento de incerteza. Se o processo de transição e de mudança não for bem assimilado, uma das consequências pode ser a expressiva perda de talentos.

Razões de venda

– Uma empresa se coloca à venda por vários motivos. Um: a percepção de que não cabe mais no mercado. Dois: tem uma gestão inadequada. Três: a falta de perspectiva na sucessão. Neste caso, ou a empresa procura a profissionalização ou vai em busca de comprador. É preciso ter um plano B se não houver sucessão via herdeiros.

Setores

– No País, há companhias de variados setores em busca de comprador. Há muito mais empresas se colocando à venda do que empresas procurando comprar. Há companhias dos ramos de supermercados, varejo, tecnologia, indústrias de variados portes que passam por análise de venda e/ou fusão. Movimentos de consolidação de mercado existem de empresas grandes e de pequeno porte.

Em negociação

– Conosco, há cinco empresas do Sul do Brasil em negociação para venda. Acredito que uma destas operações pode ser feita ainda neste ano. Um negócio deste tipo tem sua maturação natural. Quando acontece muito rápido, falo num prazo de pelo menos sete meses. Pode demorar anos.

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– Depois, há o Cade, para analisar, aprovar. No Cade, pode levar um ano, às vezes mais. Uma mesma empresa pode fazer desinvestimento num segmento e fazer compra em outro considerado estratégico.

Prata da casa

– Recrutar executivos pratas da casa sempre é melhor. É importante notar que não se deve perder o timing. Às vezes, ao ir ao mercado para preencher a vaga, a empresa já vai atrasada.

Tempo

– Muitos empresários enxergam a venda de seu negócio como uma derrota, mas após chegar ao apogeu, é importante antecipar-se à queda. Isso nem todos compreendem. Os empresários devem procurar assessoramento no tempo apropriado.

Governança

– O fracasso de uma gestão pode ser efeito de desentendimentos entre os sócios. Por isso, é recomendável a criação de holding, para separar as coisas. O pior é a desconfiança. A cultura do fio do bigode não pode mais existir. As regras têm de ser colocadas no papel. É essencial trabalhar a governança corporativa, tanto no caso de querer comprar quanto no de vender o negócio.

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– Obter o melhor rating de governança é vital. Empresas de sucesso têm planejamento e qualidade na gestão. Planejamento é o diferencial.

Galinha-morta

– Há, sim, “galinha-morta” neste tipo de transação. Isso pode ocorrer no valor do preço pedido, no prazo e nas formas de pagamento. Vender a preço menor do que vale é melhor do que ver a empresa acabar. É claro que o advogado acompanha o processo de compra e venda, mas não sabe tudo.

– Uma empresa pode ter seu fim quando demora demais para vender ou demora demais para estabelecer a estratégia. Por isso, a falta de planejamento é um fator decisivo, principalmente em empresas familiares.