Herdeiros de costumes e tradições trazidos por colonizadores europeus, joinvilenses estão redescobrindo na produção caseira e artesanal novos aromas, sabores e sensações da bebida que faz parte da história econômica e cultural da cidade há mais de 160 anos: a cerveja.
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Mercado das cervejas artesanais triplicou em Santa Catarina
Produtos únicos e preços acessíveis conquistam adeptos às cervejas artesanais
Eventos com cervejarias ajudam a atrair novos consumidores em Joinville
Em Joinville, cervejeiros estão apostando na criação de opções artesanais para atrair clientes em busca de novas experiências e servir como alternativa às cervejas populares.O movimento vem ganhando força na maior cidade catarinense há pelo menos três anos e vai ao encontro do crescimento nacional de mais de 25% no número de microcervejarias artesanais abertas desde 2015.
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Segundo estimativas do Instituto da Cerveja Brasil, o ano deve terminar com cerca de 500 microcervejarias operando no País, acima dos 372 estabelecimentos de fabricação artesanal registrados naquele ano.Com uma produção total anual que chega a 91 milhões de litros, o mercado das cervejas artesanais alcança um número expressivo de produção, com crescimento na casa dos 20% a 30% por ano.
Apesar disso, segundo o levantamento, essa quantidade representa somente 0,7% da produção total do setor cervejeiro no Brasil, terceiro maior produtor da bebida do mundo. Na região Sul, onde o gosto pela bebida é uma tradição que passa de geração em geração, o reflexo está nos números.
Segundo Dorval Campos Neto, presidente do Instituto Joinvilense da Cerveja (entidade ligada à Acerva Catarinense – Associação dos Cervejeiros Artesanais de Santa Catarina), o Estado abriga atualmente cerca de 100 cervejarias, nove delas na região de Joinville, Araquari e Garuva.
Ainda conforme ele, são aproximadamente três mil produtores caseiros no território catarinense, quase 200 deles em Joinville.A aposta dos microcervejeiros locais é o que faz com que Joinville avance mais rapidamente no mercado de cervejas artesanais e caseiras [com uso de equipamentos e receitas mais simples para consumo próprio].
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Isso acontece devido ao resgate da ligação histórica da região com a bebida. A cidade é berço da Cervejaria Schmalz (1852), a primeira do setor artesanal em Santa Catarina, e sediou ao longo dos anos grandes cervejarias como Kühne (1858), Berner (1875), Tiede (1889), Catharinense (1928) e Antarctica (1948).– O desenvolvimento da produção caseira no Brasil se deve, principalmente, a uma tendência de tradição.
Porque era muito comum nas décadas de 1930, 40, 50 e até 1960 fazer cerveja em casa. Há relato nas cidades de Joinville, Corupá, Jaraguá do Sul, Blumenau e São Bento do Sul. Então, hoje o que acontece é que o filho, o sobrinho ou o neto estão trazendo o pai, o tio ou o avô a fazer cerveja novamente – conta ele.
A redescoberta da tradição se deve em grande parte a abertura de lojas de insumos e equipamentos para produção caseira, além de cursos para a formação de mestres-cervejeiros e eventos abertos ao público.– Antigamente, por exemplo, a cerveja era feita basicamente de cevada maltada, que descansava no sereno por três dias e depois era moída, fermento de pão, o lúpulo (que dá amargor e aroma ao produto), que era um chá para garganta desses vendidos nas farmácias e açúcar.
Boa ou ruim, era o que eles tinham e que os antepassados trouxeram da Alemanha, da Áustria, da Suíça. O que acontece é que hoje existe uma alta gama de tipos de malte, uns 60, e cerca de 120 tipos de lúpulo. Há ainda aproximadamente 25 tipos de fermento, além das especiarias, que são capazes de gerar em torno de três mil receitas básicas. Então hoje, além de um ótimo hobby, ela se tornou uma cerveja gourmet, feita para degustar – revela.
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